Bentley Continental GT. 400 mil euros de luxo mas é muito mais que isso

10 meses atrás 116

Apesar da imponência e da nobreza do W12, é na configuração com motor V8 que eu mais gosto do Bentley Continental GT. E nas linhas abaixo explico porquê.

Bentley Continental GT Azure V8

9/10

Posso estar a cometer uma grande injustiça, mas prefiro o Bentley Continental GT com este V8 do que com o exótico e nobre W12

Prós

Comportamento dinâmicoDisponibilidade do V8Refinamento e materiaisConforto em toda a linha

Contras

Espaço nos bancos traseirosAlguns opcionais deviam ser oferecidos de série

O Bentley Continental GT já conquistou o título de ícone moderno e tem um lugar de destaque no passado recente da marca com sede em Crewe, no Reino Unido.

Aliás, vou mais além e digo mesmo que é preciso algum esforço para encontrarmos um modelo nesta faixa de preço que tenha sido tão importante para o sucesso de uma marca como foi o Continental GT.

Lançado em 2003, o Continental GT foi o primeiro Bentley lançado sob a alçada do Grupo Volkswagen (comprou a marca em 1998) e duas décadas depois, continua a ser sinónimo de opulência, luxo, caráter e performance, talvez mais agora do que nunca.

Acima de tudo continua a representar aquilo que um Grand Tourer (GT) deve ser. Além disso, a Bentley foi sabendo posicionar o Continental GT em várias frentes: pelo lado da performance, com versões mais «apuradas»; e pelo lado do luxo e conforto, assentes no extenso programa de personalização da marca.

Ainda é assim hoje em dia. Essa versatilidade faz com que exista um Continental GT para quase todas as situações. Haja dinheiro. Aliás, muito dinheiro. Porque o exemplar que protagoniza este ensaio está avaliado em mais de 400 mil euros.

Bentley Continental GT traseira© Thom V. Esveld / Razão Automóvel Coupé ou Cabrio? V8 ou W12? As possibilidades são muitas com o Continental GT mas eu levava para casa um Coupé V8 como este Azure

Quem compra um Continental GT, tem duas escolhas importantes pela frente: motor W12 ou V8 e carroçaria Coupé ou Cabrio. Tendo já tido oportunidade de experimentar todos estes «sabores», posso dizer-lhe que não há como errar. Pessoalmente, escolhia um V8 Coupé e vou explicar porquê nas linhas abaixo.

Luxo chamado Azure

Se as edições S e Speed estão mais orientadas para as performances, as versões Azure e Mulliner concentram-se mais no luxo e elegância. Ou como dizem os britânicos, na poshness.

Foi precisamente na versão Azure que testei recentemente o Bentley Continental GT, pintado no tom Kingfisher – by Mulliner, um opcional de 8260 euros que faz toda a diferença, sobretudo quando o sol reflete na pintura e lhe dá toda uma nova profundidade.

Poderá ter outra opinião, sabendo que a beleza é quase sempre subjectiva, mas este é para mim um dos coupés mais bonitos que o dinheiro pode comprar.

Bentley Continental GT grelha© Thom V. Esveld / Razão Automóvel A imponente grelha dianteira (aqui com um acabamento escurecido), os faróis circulares e o longo capô são elementos que respeitam o passado da marca britânica

As linhas carregam a história centenária da marca fundada por Walter Owen Bentley, mas estão mais atuais do que nunca. A este nível sinto que a assinatura luminosa desta geração adicionou uma camada de sofisticação adequada, ao mesmo tempo que dá a este GT um ar mais agressivo (sempre em doses q.b.).

As jantes de 22″, com acabamento preto, são exclusivas do Continental GT Azure e também ajudam a reforçar este «casamento» entre o tradicional e o moderno, tal como a imponente grelha dianteira e todos os apontamentos escurecidos que encontramos espalhados pela carroçaria.

Bentley Continental GT jantes© Thom V. Esveld / Razão Automóvel A unidade testada estava equipada com discos carbocerâmicos, o que é sempre uma boa notícia quando temos 550 cv e mais de 2000 kg

A qualidade paga-se e este interior é a prova disso

A nota de elegância e de luxo é acentuada no interior, onde o único detalhe que parece «normal» é mesmo o painel de instrumentos digital, que poderia ter vindo de outro modelo do Grupo Volkswagen.

Continental GT Azure interior© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Tudo o resto é especial e a marca faz questão que isso não passe despercebido. Desde o ecrã multimédia, que de forma opcional pode rodar e ficar escondido dentro do tabliê, expondo um relógio analógico; até aos comandos físicos cromados da consola central, que parecem ter sido feitos por um mestre relojoeiro. A atenção ao detalhe é exímia.

Não são só os acabamentos e os materiais escolhidos que são agradáveis, o tato dos botões também é muito satisfatório. Acima de tudo nota-se que é importante para a Bentley continuar a oferecer uma experiência o mais analógica possível.

E ainda nem falei dos bancos (com função de massagem, ventilação e ajuste elétrico de 22 vias), com acolchoamento Harmony Diamond, que são duas autênticas poltronas de luxo. Assim como os tapetes, que até dão vontade de tirar os sapatos, tal a densidade.

Sala de concerto sobre rodas

Apesar das motorizações nobres que equipa, quem compra um Continental GT quer estar numa espécie de casulo, isolado do exterior. A esse nível o «Conti» também é uma lição para muitos outros. O nível de conforto acústico é absurdo e isso tanto é sentido quando queremos pura e simplesmente estar em silêncio, como também se faz notar quando queremos ouvir música.

bentley Continental GT Azure ecrã central© Thom V. Esveld / Razão Automóvel O ecrã multimédia central permite integração sem fios com Android Auto e Apple CarPlay

A unidade que testei estava equipada com um sistema de som premium assinado pelos britânicos da Naim que é uma autêntica maravilha para os nossos ouvidos.

É um opcional de 7070 euros, é certo, mas num carro que custa mais de 400 000 euros, isso é uma «migalha» comparado com o que recebemos em troca. Não sendo um audiófilo, garanto-vos que é o melhor sistema de som que já testei num automóvel. «By far», como dizem os britânicos.

Não se deixem enganar pelo tamanho…

… o Continental GT faz tudo o que lhe pedimos sem qualquer «pingo» de esforço. Estão a ver aquele familiar que chega ao final de um casamento ainda com o fato de três peças vestido e com a gravata no sítio, mesmo quando já toda a gente na festa já só está de camisa e com a gravata a fazer de bandana? O Continental GT é assim.

É um driver’s car, no sentido em que é um daqueles modelos que nos convida a fazer quilómetros e mais quilómetros, mesmo sem destino aparente, porque o importante é a viagem.

Continental GT Azure bagageira© Thom V. Esveld / Razão Automóvel A bagageira não é gigante, mas chega e sobra para as malas do fim de semana

Pode parecer um conceito romântico, mas é exatamente o que sinto a conduzir um GT como este. Nem precisamos de andar muito rápido ou de procurar os limites do chassis. Mesmo a velocidade baixas o Continental GT é uma experiência muito recompensadora.

A NÃO PERDER: Continental GT Speed Convertible. Conduzimos o Bentley de estrada mais rápido de sempre

Desengane-se quem pensa que as mais de duas toneladas o deixam desconfortável ou com uma crise de identidade quando decidimos subir o ritmo numa estrada mais revirada. É surpreendente o que o chassis consegue fazer, em conjunto com a suspensão pneumática (de série), para tornar este GT competente nesse capítulo.

Importa recordar que este chassis teve como ponto de partida o do Porsche Panamera, ainda que nesta geração (o anterior assentava sobre a base do Volkswagen Phaeton) a Bentley tenha tido uma voz muito mais ativa no seu desenvolvimento.

Bentley Continental GT© Thom V. Esveld / Razão Automóvel Este tom de azul não é tão óbvio quanto os famosos verdes de competição britânicos, mas resulta muito bem. Sobretudo ao sol…

No modo Bentley (existem quatro modos de condução: Custom, Comfort, Bentley e Sport), que talvez seja o mais indicado para a melhor experiência em estrada, sentimos claramente um toque mais firme por parte da suspensão, mas sempre com uma dose gigante de refinamento e serenidade.

Muito bem plantado na estrada, sentimos que o peso está bem distribuído e, acima de tudo, bem disfarçado — este GT está muito bem resolvido do ponto de vista dinâmico.

Mas é no modo Sport que percebemos efetivamente tudo aquilo que os engenheiros da Bentley fizeram: sentimos que o mapeamento do motor é ligeiramente diferente, que a nota de escape é mais «rouca» e que a suspensão se liberta ligeiramente das «amarras» do conforto e nos oferece algo mais.

Se conseguirmos desligar a ficha de que estamos perante um carro tão grande, pesado e caro, é intrigante pensar o quão bem a Bentley conseguiu afinar esta fórmula.

Bentley Continental GT perfil© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Escolhia o V8 em vez do W12

Voltando à afirmação em que o Bentley Continental GT que escolheria seria o Coupé com motor V8, a parte do Coupé explica-se muito rapidamente: para mim é a carroçaria mais bonita deste modelo.

Sou um fã confesso de descapotáveis, mas há qualquer coisa nas linhas musculadas do Continental GT que me levam a dar-lhe a vitória.

Bentley Continental GT motor V8© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Quanto ao motor, sem colocar em causa a nobreza, a imponência e o impacto do bloco W12 (6,0 l, 660 cv e 900 Nm), prefiro o motor V8 pela sua… leveza. São mais de 100 kg de diferença entre as duas versões e estão quase todos lá à frente, sobre o eixo dianteiro. O que se sente na estrada.

Sinto o Continental GT V8 mais «solto» e mais equilibrado, e é mais «usável» no dia a dia — posso estar a cometer uma tremenda injustiça…

Apesar dos quatro cilindros a menos, não falta «poder de fogo», com este V8 biturbo de 4,0 l a entregar 550 cv e 770 Nm, enviados às quatro rodas através de uma caixa automática de dupla embraiagem com oito velocidades.

Outro benefício do V8 são os consumos consideravelmente mais baixos: a velocidades ditas normais, misturando autoestrada e estradas secundárias, fiz um consumo médio de 9,6 l/100 km.

Naturalmente, quando subi o ritmo, os consumos foram além dos 15 l/100 km, mas não há milagres. No final do dia estamos a falar de um bloco de oito cilindros.

Quando conduzi o Continental GT W12 o melhor que consegui fazer foram médias em torno dos 19 l/100 km, sendo que cheguei mesmo a ter «picos» acima dos 30 l/100 km.

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Faz sentido falar do preço?

Falar de dinheiro e de um carro cujo valor ultrapassa os 400 000 euros é sempre um exercício estranho. Até porque quem quer comprar um Continental GT já sabe ao que vai, por assim dizer. E com a lista de opcionais disponível é muito fácil fazer crescer o preço final.

Fora o preço, o Bentley Continental GT é uma proposta incontornável na sua classe. Se quiser manter-se por terras de sua majestade terá de optar pelo mais desportivo Aston Martin DBS. Quem quiser ir mais outras latitudes, mais «latinas», também poderá considerar o Ferrari Roma e o Maserati GranTurismo.

Continental GT Azure ecrã multimédia© Thom V. Esveld / Razão Automóvel É no modo Bentley que o Continental GT se mostra mais equilibrado

Uma coisa é certa, não faltam argumentos ao Bentley Continental GT, que impressiona pelo «pisar», pelo conforto e pela entrega de potência. Mas acima de tudo afirma-se por ser uma autêntica peça de engenharia, com materiais e acabamentos que simplesmente não estamos habituados a encontrar em modelos mais comuns.

É difícil apontar-lhe defeitos, mas consigo pensar numa coisa menos positiva, os bancos traseiros, que são pouco mais do que um mero adereço: o espaço lá atrás é mesmo muito reduzido e vão acabar a usá-lo quase em exclusivo para guardar os casacos.

Bentley Continental GT farolins traseiros© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Veredito

Bentley Continental GT Azure V8

9/10

O Bentley Continental GT é um dos melhores coupés que o dinheiro pode comprar. É elegante e sofisticado, mas continua a respeitar o ADN centenário do escudo que carrega. E é incrivelmente capaz para o «porte atlético» que exibe. É difícil encontrar um modelo que combine tão bem conforto e luxo com performances puras.

Prós

Comportamento dinâmicoDisponibilidade do V8Refinamento e materiaisConforto em toda a linha

Contras

Espaço nos bancos traseirosAlguns opcionais deviam ser oferecidos de série

Especificações Técnicas

Versão base:353.645€

IUC: 936€

Classificação Euro NCAP: 0/5

401.695€

Preço unidade ensaiada

Arquitectura:V8 biturbo Capacidade: 3993 cm³ cm³ Posição:Dianteiro longitudinal Carregamento: Injeção direta. Turbo. Intercooler Distribuição: 2 a.c.c., 4 válv./cil. (32 válv.) Potência: 550 cv Binário: 770 Nm
Tracção: Integral Caixa de velocidades:  Automática de dupla embraiagem com 8 vel.
Largura: 4850 mm Comprimento: 1954 mm Altura: 1405 mm Distância entre os eixos: 2851 mm Bagageira: 358 l Jantes / Pneus: FR: 265/45 R20 e TR: 295/40 R20 Peso: 2165 kg
Média de consumo: 11,3 l/100 km Emissões CO2: 263 g/km Velocidade máxima: 318 km/h Aceleração máxima: >4s

Tem:

Assistente de saída involuntária de faixaDireção assistida elétrica de relação variávelHead-up DisplayFaróis Full LED MatrixSistema de reconhecimento dos sinais de trânsitoSuspensão pneumáticaSistema de visão noturnaSistema de som com 10 altifalantes (650 Watts)Integração com smartphone através BluetoothDisco rígido com 60 Gb de capacidadeEcrã central multimédia com 12,3”Jantes de 20”

Bentley Rotating Display — 5115 €
Sistema de som Naim for Bentley — 7070 €
Digital TV Tuner — 1065 €
Controlo remoto de abertura de garagem — 310 €
Volante aquecido, dois tons, três raios — 685 €
Cintos de segurança em cor contrastante — 700 €
Dual Finish Veneers by Mulliner — 3990 €
Pintura azul Kingfisher – by Mulliner — 8260 €
Valet Key — 245 €
Travões carbo-cerâmicos com pinças em preto — 12 490 €
Diamond Knurling Specification — 1965 €
Blackline Specification — 3485 €
LED Welcome Lamps — 440 €
Parking Heater — 2000 €.

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