Bienal de Arquitetura propõe unir inteligências para futuro sustentável

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O evento que a cada dois anos concentra propostas da arquitetura contemporânea de todo o mundo vai decorrer em Veneza, entre 10 de maio e 23 de novembro do próximo ano, com pré-abertura a 08 e 09 de maio, anunciou a organização numa conferência de imprensa, na histórica cidade.

Carlo Ratti, curador da 19.ª Exposição Internacional de Arquitetura, disse, na conferência de imprensa, que o título da bienal é normalmente anunciado em inglês e em italiano, mas em 2025 será condensado numa única palavra para ambas as línguas através da origem latina comum: 'intelligens', que significa "aquele que entende".

Ratti apontou que a última sílaba, "gens", significa "povo" em latim e sugere "um futuro da inteligência que é inclusivo, múltiplo e imaginativo, para além do atual enfoque limitado na Inteligência Artificial".

"A exposição será sobre o ambiente construído e as muitas disciplinas que o moldam. A arquitetura está no centro, mas não está sozinha. Faz parte de uma esfera alargada que integra a arte, a engenharia, a biologia, a ciência dos dados, as ciências sociais e políticas, as ciências dos sistemas planetários e outras disciplinas, ligando todas e cada uma delas à materialidade do espaço urbano", sublinhou o arquiteto que dirige o Senseable City Lab do MIT, em Boston, nos Estados Unidos.

O curador lembrou: "O ambiente construído é um dos maiores contribuintes para as emissões atmosféricas, colocando a arquitetura entre os principais culpados da degradação do nosso planeta. À medida que a crise climática se acelera, devemos resignar-nos a este papel, ou ainda somos capazes de oferecer soluções, substanciais e não cosméticas, eficazes e rápidas de alcançar?".

Nesse sentido, a proposta de Carlo Ratti é criar uma exposição que "procurará um caminho a seguir, com soluções inteligentes para problemas prementes que podem assumir muitas formas".

"Todos juntos podemos garantir que a Bienal de Arquitetura possa ser mais do que um evento bonito e deixe um legado que faça uma diferença na vida das pessoas", declarou, perante os jornalistas.

Para Ratti, o papel dos arquitetos vai ser estimular os processos evolutivos naturais para os enviar em novas direções: "Aprendendo com muitas ciências, esta exposição espera acelerar a transformação do presente através de tentativas e erros destemidos, e encontrar um futuro melhor no processo".

Relativamente à metodologia da bienal, indicou que vai ser criado um "Laboratório Vivo" em vários pontos de Veneza, "uma vez uma vez que o Pavilhão Central nos Giardini estará em renovação em 2025", mas não adiantou pormenores sobre essas obras, nem o presidente da Bienal, Pietrangelo Buttafuoco, o fez.

O Pavilhão Central será substituído por uma série de projetos especiais que aproveitarão Veneza e as áreas exteriores dos locais de exposição da Bienal.

Haverá ainda um "Espaço para Ideias": "Numa altura de crise, precisamos de adotar uma abordagem colaborativa ao ´design´. A partir de 07 de maio de 2024, será aberto um espaço público para a apresentação de ideias no 'site' da bienal, promovendo uma heterogeneidade expansiva de vozes, visões e sugestões".

Outro pilar vai ser o "Protocolo de Circularidade", que consistirá em "estabelecer objetivos sem precedentes para definir direções claras e um novo padrão para o futuro dos eventos culturais", nomeadamente através de um manifesto.

Na conferência de imprensa foi também lançada a segunda edição da Bienal Faculdade de Arquitectura, aberta a estudantes de pós-graduação e profissionais emergentes com menos de 30 anos para apresentarem projetos que utilizem a inteligência natural, artificial e coletiva para combater a crise climática.

Em 2023, o projeto "Fertile Futures", com curadoria de Andreia Garcia, da Architectural Affairs, representou Portugal na Bienal de Arquitetura de Veneza, sob o tema "O Laboratório do Futuro", com curadoria geral de Lesley Lokko.

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