Bloqueio de notícias por gigantes tecnológicos faz disparar recurso a fontes não credíveis

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Um estudo da NewsGuard, requisitado pela Reuters, identificou que os gostos, comentários e partilhas do que é classificado como fonte não confiável subiu para os 6,9% no Canadá, nos 90 dias após o bloqueio de links de notícias, face aos 2,2% nos 90 dias anteriores ao bloqueio.

O bloqueio de links de notícias por parte dos gigantes tecnológicos, principalmente a Meta, que detém o Facebook, fez aumentar a consulta de informação vinda de fontes consideradas como não credíveis por parte dos utilizadores, avança a “Reuters”. Um estudo da NewsGuard, requisitado pela publicação, identificou que os gostos, comentários e partilhas do que é classificado como fonte não confiável subiu para os 6,9%, no Canadá, nos 90 dias após o bloqueio de links de notícias, face aos 2,2% nos 90 dias anteriores ao bloqueio.

Este bloqueio dos links de notícias em países como o Canadá, por parte do Facebook, surge como forma de evitar o pagamento de taxas a empresas proprietárias de órgãos de comunicação social.

A Austrália pode ser o próximo país onde o Facebook pode bloquear links para conteúdos noticiosos, tendo em conta que já afirmou que não vai estender os acordos que possui com os meios de comunicação social, avança a “Reuters”.

No caso do Canadá, a medida tomada pelo Facebook tem levado a que “as notícias comentadas nos grupos políticos estejam a ser substituídas por memes”, disse o fundador da Centro de Média, Tecnologia e Democracia da Universidade McGill, Taylor Owen, citado.

E a isto pode-se juntar o estado da Califórnia, nos Estados Unidos da América, e a Grã-Bretanha, países que estão a considerar avançar com legislação que force os gigantes tecnológicos a pagar por conteúdos noticiosos, acrescentou a publicação.

A mesma publicação diz que de acordo com o Observatório do Ecossistema de Media, que envolve a Universidade McGill e a Universidade de Toronto, os posts de notícias no Facebook tinham entre cinco a oito milhões de visualizações por dia no Canadá.

Um porta-voz da Meta, entidade proprietária do Facebook, referiu que as pessoas continuam a aceder ao Facebook e Instagram mesmo sem notícias nas plataformas, e acrescentou que os utilizadores do Canadá ainda podem aceder a “informações confiáveis” de diversas fontes no Facebook e que o processo de verificação de factos pela Meta, “está empenhado” em impedir a disseminação de “informações erradas”, citado pela Reuters.

Um estudo da Newsguard identificou que os gostos, comentários e partilhas, do que é classificado como fontes não confiáveis subiu para os 6,9%, no Canadá, nos 90 dias após o bloqueio de links de notícias, face aos 2,2% nos 90 dias anteriores ao bloqueio.

O ministro do Património do Canadá, Pascale St-Onge, defende que o bloqueio de links de notícias foi uma decisão “infeliz e imprudente” que levou a que desinformação “se espalhasse” na plataforma em situações em que existe necessidades de informação como, por exemplo, “incêndios florestais, emergências, eleições locais e outros momentos críticos”. Já o responsável pelo tesouro da Austrália, Stephen Jones, referiu à agência, que o acesso a conteúdos noticiosos “confiáveis e de qualidade” é importantes para a Austrália, e que é do interesse da Meta, entidade que detém o Facebook, “apoiar esse conteúdo” nas suas plataformas.

Stephen Jones, abordando os acordos de licenciamento dos media do Facebook, disse que o governo australiano “deixou clara” a sua posição de que as empresas de media deviam ser “justamente remuneradas” pelo conteúdo noticioso que é utilizado nas plataformas digitais.

A “Reuters” referiu que no Canadá quatro quintos da população está no Facebook e que 51% obtiveram notícias na plataforma em 2023, recorrendo aos dados do Media Ecosystem Observatory. Na Austrália, dois terços estão no Facebook e 32% recorreram a esta plataforma para obter notícias no ano passado.

A “Reuters” acrescentou que o Google, ao contrário do que aconteceu com o Facebook, não deu conta de qualquer tipo de alteração aos acordos que possui com as empresas de media.

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