Borrell diz que a fome está a ser usada como "arma de guerra" em Gaza

6 meses atrás 66

Segundo a ONU, pelo menos 576 mil pessoas em Gaza (um quarto da população) estão a um passo da fome Haitham Imad - EPA

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, condenou na terça-feira que a fome esteja a ser usada como “arma de guerra” na Faixa de Gaza, observando que esta crise humanitária “é provocada pelo homem”. Vários países europeus estão a optar por rotas alternativas para entregar ajuda àquela região e o exército israelita anunciou um “projeto piloto” que permitiu, na terça-feira, a entrada de seis camiões no norte de Gaza.

Josep Borrell afirma que a crise humanitária que se vive em Gaza é resultado da falta de rotas terrestres viáveis para a entrada de ajuda humanitária, acusando Israel de estar a usar a fome “como arma de guerra”

"A fome está a ser usada como arma de guerra e quando condenamos o que está a acontecer na Ucrânia, temos de usar as mesmas palavras para o que está a acontecer em Gaza", disse Josep Borrell, dirigindo-se ao Conselho de Segurança da ONU em Nova Iorque, na terça-feira.

“Esta crise humanitária não é uma catástrofe natural, não é uma inundação, não é um terramoto. É provocada pelo homem”, afirmou.

“Estamos agora diante de uma população que luta pela sua própria sobrevivência”, acrescentou Borrell, garantindo que a União Europeia está a “trabalhar tanto quanto pode” para que a ajuda humanitária chegue a Gaza.

Sem nenhuma trégua no horizonte e com a entrada de ajuda terrestre condicionada pelas forças israelitas, a comunidade internacional está a optar por rotas alternativas para entregar ajuda naquela região, em guerra há cinco meses.
Aumentam os esforços para enviar ajuda a Gaza
Na terça-feira, um barco com 200 toneladas de alimentos partiu do porto de Larnaca, no Chipre, com destino a Gaza, utilizando um corredor criado pela UE e outros países. Este barco da ONG espanhola Open Arms deverá chegar a Gaza dentro de dois a três dias.

Quatro barcos do exército norte-americano também saíram na terça-feira dos Estados Unidos com cerca de uma centena de soldados e o equipamento necessário para a construção de um cais em Gaza para o transporte de ajuda humanitária. A viagem deverá durar cerca de 30 dias e a instalação estará pronta “dentro de 60 dias”, segundo as autoridades norte-americanas.

Para além disso, vários países árabes e ocidentais, incluindo os Estados Unidos, têm fornecido diariamente refeições e ajuda médica à Faixa de Gaza, especialmente no norte, onde a situação é particularmente preocupante.

Mas a ONU insiste que os envios por via marítima e aérea não podem substituir o transporte terrestre, que é mais rápido e eficaz.

“Quando estudamos rotas alternativas para entregar ajuda, por via marítima ou aérea, devemos lembrar-nos que temos de o fazer porque a habitual rota terrestre está fechada”, disse Josep Borrell.
Israel lança “projeto piloto” para levar ajuda ao norte de Gaza
O exército israelita também anunciou um “projeto piloto” que permitiu, na terça-feira, a entrada de seis camiões de ajuda do Programa Alimentar Mundial (PAM) diretamente no norte da Faixa de Gaza.

Sem mencionar este projeto, o PAM tinha indicado anteriormente que, pela primeira vez desde 20 de fevereiro, uma das suas caravanas tinha chegado à cidade de Gaza.

O PAM alerta, no entanto, que são necessários cerca de 300 camiões de ajuda alimentar por dia para satisfazer as necessidades dos cerca de 2,4 milhões de habitantes.

"Com a população do norte de Gaza à beira da fome, precisamos que a ajuda chegue diariamente e dos pontos de entrada diretamente para o norte de Gaza", escreveu o PAM na rede social X.

Segundo a ONU, pelo menos 576 mil pessoas em Gaza (um quarto da população) estão a um passo da fome e a organização teme uma "fome generalizada".

Apesar da crescente pressão internacional, o primeiro-ministro israelita está determinado a continuar a sua ofensiva contra o Hamas. Na terça-feira, Benjamin Netanyahu reiterou que prosseguirá a sua operação militar em Rafah – a cidade no sul de Gaza que é agora abrigo de 1,5 milhões de palestinianos que fugiram do norte do enclave.

"Israel vencerá esta guerra, custe o que custar. E para vencer esta guerra, Israel deve destruir os últimos batalhões do Hamas em Rafah”, disse Netanyahu.

“Terminaremos o trabalho em Rafah e ao mesmo tempo permitiremos que a população civil saia do perigo”, asseverou.

c/ agências

Ler artigo completo