Borrell: em Gaza "estão enterrados milhares de corpos e o direito internacional"

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Foro “La Toja”

03 out, 2024 - 19:38 • Pedro Mesquita, enviado especial a La Toja

"Sim, Israel tem o direito à defesa, mas esse direito, como todos os direitos, tem os seus limites. A pergunta que os europeus não querem fazer, ou à qual, pelo menos, não queremos responder, é se esses limites foram ultrapassados. A minha resposta é que sim", disse o chefe da diplomacia europeia.

O Alto Representante da União Europeia para os Assuntos Externos não tem dúvidas de que Israel já ultrapassou os limites do direito à defesa. Na Galiza, onde participa no Foro “La Toja”, juntamente com António Costa, Josep Borrell recorreu à imagem da destruição em Gaza, para dizer que estão ali enterrados milhares de palestinianos e o próprio Direito Internacional

"Sob as ruínas de Gaza, não estão enterrados apenas dezenas de milhares de mortos. Também está enterrado o Direito Internacional Humanitário, pois tem sido o exemplo vivo da falta de cumprimento de obrigações que proclamamos, mas que não são cumpridas", disse Borrell.

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O chefe da diplomacia da UE assumiu, neste ponto, a falha da comunidade internacional. "Também não temos a força para as fazer cumprir."

De resto, criticou a postura do governo de Benjamin Netanyahu. "Sim, Israel tem o direito à defesa, mas esse direito, como todos os direitos, tem os seus limites. A pergunta que os europeus não querem fazer, ou à qual, pelo menos, não queremos responder, é se esses limites foram ultrapassados. A minha resposta é que sim."

E tal como já tinha feito na véspera, Josep Borrell saiu em defesa de António Guterres, recordando a Israel que a expressão antissemita contém demasiada dor, e não pode ser banalizada, como um insulto, como foi usada no ataque ao secretário-geral da ONU. Na quarta-feira, Israel declarou António Guterres persona non grata.

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"Sim, tudo começou com os ataques terroristas do Hamas, que condenamos. Mas esses ataques, como disse o secretário-geral das Nações Unidas, não surgiram no vazio, e dizer isso não deveria ser usado contra ninguém. O insulto de antissemita não deveria ser banalizado. Essa palavra é demasiado grave, demasiado carregada de dor para ser aplicada a alguém, apenas por expressar uma opinião diferente da de um governo", disse Borrell.

"Por isso, devemos rejeitar os ataques ao secretário-geral das Nações Unidas, que é o único instrumento que temos para tentar garantir a paz no mundo", concluiu.

Josep Borrell, o ainda chefe da diplomacia europeia, recebeu esta quinta-feira, das mãos do rei de Espanha, o prémio Josep Piqué.

Ainda esta tarde, no Foro “La Toja”, António Costa – o presidente eleito do Conselho Europeu - participará num debate com dois antigos chefes do governo espanhol: Filipe Gonzalez e Mariano Rajoy.

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