Brasil continua sem julgar acusados da morte de guardião da Amazónia

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"Cinco anos após o assassinato de Paulo Paulino Guajajara, a sua família continua à espera de justiça", uma vez que, apesar da "ampla cobertura pela imprensa mundial (...), os assassinos nunca foram levados a julgamento", declarou a ONG. 

Dois homens, Antônio Wesly Nascimento Coelho e Raimundo Nonato Ferreira de Sousa, foram acusados, mas não julgados, citou.

O guardião, também conhecido como Kwahu Tenetehar, foi baleado no pescoço e morreu em 01 de novembro de 2019 na floresta, após uma emboscada de madeireiros, explicou.

Por sua vez, o seu colega, Tainaky Tenetehar, foi baleado nas costas e no braço, mas sobreviveu.

"Os guardiões da Amazónia patrulham o seu território na zona oriental, fortemente invadida por madeireiros, há mais de 15 anos", disse.

"Pelo menos seis guardiões foram mortos e muitos dos seus familiares foram baleados, porque os madeireiros e os invasores de terras têm como alvo o seu território, conhecido como Arariboia - uma das últimas áreas de floresta que restam na região, no leste do estado do Maranhão", explicou.

A investigadora da Survival no Brasil, Sarah Shenker, que acompanhou os guardiões numa das suas operações, disse há cinco anos que "Kwahu era completamente dedicado a defender a sua floresta e os seus familiares isolados, apesar dos riscos".

Após anos de pressão dos guardiões e do povo Awá, as autoridades brasileiras iniciaram a construção de um posto de vigilância no território de Arariboia, para ajudar a observação e evitar incursões de madeireiros ilegais.

Os guardiões fizeram uma declaração conjunta onde afirmaram sentir "angústia pela contínua impunidade dos assassinos" do seu povo e, em especial, do "guerreiro Paulo Paulino".

"Os guardiões estão a preparar um ato de homenagem para assinalar os cinco anos de impunidade, e nós juntamo-nos à Survival para este momento de denúncia, e para exigir que os responsáveis pelo assassinato de Paulo Paulino sejam devidamente julgados e condenados", disseram. 

Segundo a diretora de Investigação e Direito da Survival International, Fiona Watson, "o Governo brasileiro fala da necessidade de proteger o que resta da Amazónia, mas as pessoas que a defendem no terreno estão a sacrificar as suas vidas enquanto a floresta tropical é destruída à sua volta".

"Durante quanto tempo mais continuará esta terrível injustiça?", questionou Watson.

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