Brasil? "A Santa Casa não tinha mais dinheiro"

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"A Santa Casa não tinha mais dinheiro para assumir mais responsabilidades financeiras no Brasil, correndo o risco de não ter capacidade para pagar ordenados e colocar a sua causa em risco", afirmou Ana Jorge, que esteve a ser ouvida, durante a manhã, pelos deputados da Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, sobre a situação financeira da instituição e o processo de internacionalização dos jogos sociais.

Por outro lado, afirmou que já em maio de 2023, nos dias seguintes à tomada de posse, se iniciou um "levantamento exaustivo", na sequência da qual a Mesa se deparou com dificuldades na obtenção de documentos, "situação que até hoje se mantém".

"Quer quanto a todo o projeto de internacionalização do Brasil, quer também quanto a outras zonas geográficas que este projeto se estendeu", disse.

Ana Jorge apontou que, à medida que o levantamento ia sendo feito, ficava mais claro a dificuldade de a Santa Casa Global Brasil e Santa Casa Global Portugal "virem a retirar algum lucro ou reaver alguns dos investimentos feitos".

"Acresce que a gestão da Santa Casa Global, a criação desta rede de empresas e respetiva gestão foram sendo reveladas bastante opacas e com pouca fundamentação, existindo dúvidas sobre a regularidade de muitos dos custos suportados", referiu, apontando que estas foram as razões para que a SCML tivesse recusado transferir mais 9 milhões de euros para o projeto quando Ana Jorge tomou posse.

Denunciou também o impacto dos encargos com os dois administradores nos últimos três anos -- Francisco Pessoa e Costa e Ricardo Gonçalves -- que "perfazem um total de 850 mil euros", entre "ordenados, ajudas de custo, senhas de presença, despesas pessoais, entre outras, nomeadamente o pagamento da creche à filha".

"O dilema com o qual fui confrontada era simples, mas de enormes consequências: ou se mantinham as prestações milionárias de financiamento da Santa Casa global naquilo que se perspetivava ser um poço sem fundo, comprometendo no curto, médio e longo prazo a própria Santa Casa, ou se assumiam que não existiriam mais transferências", afirmou.

Disse estar convicta de ter tomado a melhor decisão para a instituição, acrescentando, no entanto, "ser falsa" a ideia de que a SCML deixou ao abandono as empresas no Brasil e deixou de cumprir com as suas obrigações, negando igualmente que a decisão de não continuar com o projeto de internacionalização tenha aumentado os encargos da instituição.

Questionada sobre que competências mantém pelo facto de estar em funções de gestão corrente, a provedora exonerada disse que pode apenas gerir processos em curso e alertou que a demora na nomeação de uma nova administração para a SCML "pode pôr em risco o orçamento para 2024".

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