‘Bridgerton’ com hidrogénio verde e (muitas) baterias. Netflix está a reduzir emissões da produção de filmes e séries

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As emissões de carbono relacionadas com as produções que a empresa de streaming faz representaram 25% da pegada ambiental em 2023, de acordo com o relatório de sustentabilidade publicado esta quinta-feira e analisado pelo Jornal Económico.

A Netflix mantém o investimento nos critérios ESG (Environment, Social & Governance) para alcançar a meta de reduzir as emissões para metade até 2030. Além das infraestruturas da empresa – que incluem escritórios de Los Angeles e Los Gatos até Singapura – há outras operações que se têm de tornar mais verdes, como as gravações das séries, filmes e documentários.

As emissões relacionadas com as produções da Netflix representaram mais de um terço (35%) da pegada ambiental da empresa norte-americana em 2023, de acordo com o mais recente relatório de sustentabilidade publicado esta quinta-feira. Para essa percentagem ser inferior, a tecnológica da televisão por streaming está a fazer o seguinte: substituir geradores a diesel por equipamentos de energia limpa portáteis e mudar a frota de veículos a gasóleo e gasolina para elétricos.

A terceira temporada da mediática série “Bridgerton” foi gravada com energia gerada de uma espécie de contentor de hidrogénio verde e o filme “Piano Lesson” também envolveu soluções de energia móvel limpa. A par com a instalação de geradores híbridos de bateria e equipamentos fotovoltaicos, foi possível evitar aproximadamente 418 milhões de toneladas de dióxido de carbono em 2023.

Quanto às baterias, foram utilizadas em mais de 90% das produções da Netflix no ano passado, inclusive em mercados novos para a marca. Ou seja, onde nunca haviam filmado, entre os quais Porto Rico (“Neon”) e Tailândia (“A Mãe da Noiva”). Por exemplo, a produção da primeira temporada de “Decameron”, uma série de comédia medieval que estreia este verão, na zona de Roma e arredores foi alimentada por baterias recarregadas por energia solar.

A história é particularmente interessante, porque a tecnologia em causa era nova no mercado italiano e foi levada para terras transalpinas para dar apoio energético à nova série cómica da Netflix. Segundo a plataforma de streaming, essas baterias estão agora a ser integradas no portefólio de fornecedores locais para que outros estúdios possam alugar.

“Estamos em 270 milhões de lares. É uma grande responsabilidade. Trabalhamos para estarmos atentos ao nosso impacto no mundo”

“Com 270 milhões de lares assinantes da Netflix — e uma audiência total de mais de meio milhar de milhões de pessoas em todo o mundo — estamos a fazer progressos constantes na nossa missão de entreter o mundo. Nenhuma empresa de entretenimento tentou programar para tantos gostos, culturas e línguas. É uma grande responsabilidade e trabalhamos arduamente para estarmos atentos ao nosso impacto no mundo, em particular nas comunidades criativas em que operamos”, explicaram os CEO da Netflix.

Greg Peters e Ted Sarandos, que estão ambos com a liderança executiva da empresa, lembram que os objetivos de sustentabilidade ambiental, social e financeira foram definidos em 2021 e incluem: descarbonizar operações (reduzir emissões com tecnologia de energia limpa), investir na cultura de inclusão e pertença (equipas diversificadas) e melhorar a governação (atualizar a estrutura de remuneração dos executivos, os código de ética e de conduta dos fornecedores e as diretrizes de corporate governance e publicar uma nova declaração sobre direitos humanos).

“No ano passado, fizemos progressos significativos, reduzindo as nossas emissões de Escopo 1 e 2 para metade em comparação com 2022. Devido à redução do trabalho de produção em 2023, a maior parte das nossas emissões veio das nossas operações corporativas, seguidas pelas produções dos nossos filmes e séries e uma pequena parte restante do streaming”, explicou ainda a Sustainability Officer da Netflix, Emma Stewart, que apresentou publicamente o documento.

Nota ainda para a série de ação “Supacell”, que foi a primeira a utilizar os armazenadores de energia renovável para o sector audiovisual em Londres do “Grid Project” lançado pela Film London em meados deste mês. A filmagem no Reino Unido (Victoria Park) recorreu também a um sistema gerador de baterias híbridas e evitou 22 milhões de toneladas de emissões.

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