Britânicos à espera de saber qual é a estratégia económica de Starmer

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O novo governo promete estudos e relatórios sobre o estado da economia, o que não é suficiente para descansar consultoras e bancos de investimento. Disfarçar o Brexit pode ser uma alternativa.

FILE PHOTO: British Labour Party leader Keir Starmer speaks during Prime Minister’s Questions, at the House of Commons in London, Britain, May 24, 2023. UK Parliament/Jessica Taylor/Handout via REUTERS ATTENTION EDITORS – THIS IMAGE HAS BEEN SUPPLIED BY A THIRD PARTY. MANDATORY CREDIT. IMAGE MUST NOT BE ALTERED./File Photo

Ainda envolvido no estado de graça que o fez atingir uma das mais expressivas vitórias de que há memória no Reino Unido, o novo primeiro-ministro, o trabalhista Keir Starmer, ainda não foi definitivamente claro sobre os instrumentos de que vai lançar mão para promover o prometido desenvolvimento económico. Com algumas consultoras e bancos de investimento a demonstrarem uma curiosidade que está prestes a ruçar o desconforto, os britânicos têm conhecimento apenas de grandes traços estratégicos – como sejam o relançamento dos serviços públicos, talvez a mais nomeada de todas as apostas ao longo da campanha eleitoral. Sendo certo que esta aposta custa dinheiro, ainda não há uma evidência de como isso sucederá – mas o mais certo é que os trabalhistas tenham de exercer pressão sobre o lado da despesa do Orçamento para cumprirem o prometido. Com as perspetivas de crescimento para 2024 a resultarem muito conservadoras na maioria das dezenas de researchs que inundaram a comunicação social desde o dia das eleições – avolumam-se as suspeitas de que o crescimento da despesa pode ter influência perniciosa na dívida.

Sacudir o pó nas fronteiras
A nova ministra das Finanças, Rachel Reeves, deu algumas pistas ao apresentar o plano para impulsionar o crescimento. Mas foram muito poucas. Segundo a imprensa, as principais medidas passam pelo fim imediato da proibição de novos parques eólicos onshore, a construção de habitação e a manutenção dos níveis do IVA. E disse ainda que vai fazer a avaliação do estado da economia – com um relatório a ser apresentado ao Parlamento em breve, e elaborar um relatório sobre o estado das despesas públicas.

Starmer, que não conseguiu descansar consultoras e bancos de investimento, foi um pouco mais explícito ao afirmar que tem uma visão estratégica sobre a relação do Reino Unido com a União Europeia. “O novo primeiro-ministro não vai fazer nada para fazer regressar o Reino Unido à União Europeia”, disse ao JE o embaixador Francisco Seixas da Costa. Mas vai com certeza admitir que a União é o parceiro natural do Reino Unido e que, com o Brexit cada vez mais distante, os britânicos precisam de fazer qualquer coisa sobre o assunto. “Tenho um mandato muito forte para a mudança e para uma relação diferente com a União Europeia”, disse o primeiro-ministro, que prevê “obter um acordo melhor do que o acordo mal feito que Boris Johnson conseguiu”. O ex-primeiro-ministro conservador tinha em vista uma estratégia inversa: promover um plano de largo espectro com os Estados Unidos. Não conseguiu: nem Donald Trump nem Joe Biden estiveram disponíveis para esse grande acordo – um ‘sonho’ que já vinha dos tempos de Theresa May, outra ex-primeira-ministra conservadora destes longos 14 anos de conservadorismo. A União Europeia está disponível para isso.

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