Bumba na Fofinha: “É psicopata subir a palco e tentar fazer o público rir de cinco em cinco segundos, não é saudável para a sanidade mental”

2 horas atrás 20

Humor à primeira vista

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Dois anos e meio depois do primeiro solo, Mariana Cabral, conhecida como Bumba na Fofinha, apresenta “Sombra”. No Humor À Primeira Vista, com Gustavo Carvalho, revela os detalhes da estadia em Nova Iorque, explica porque não tem como objetivo atuar um na Altice Arena, a maior sala de espetáculos do país e promete que terá uma participação no Taskmaster Portugal

“Suar do Bigode” esgotou, de acordo com a própria, “para lá do razoável”. Agora, Mariana Cabral, também conhecida como Bumba na Fofinha, volta a estrear um espetáculo de stand-up comedy. Em "Sombra" propõe mostrar uma espécie de confessionário de ruindades. Com o numeroso público que conquistou a fazer comédia nas redes sociais, foi pressionada constantemente para subir a palco, mas seguiu o seu próprio tempo. Foi estudar para Nova Iorque três meses, fez stand-up comedy em inglês e a pouco e pouco foi tomando o gosto de atuar para ao vivo. Dois anos e meio depois do primeiro solo, embarca em nova aventura, ficando claro que gostou da experiência. No Humor À Primeira Vista, com Gustavo Carvalho, Mariana Cabral revela os detalhes da estadia em Nova Iorque, explica porque não deseja atuar um dia na Altice Arena e promete que terá uma participação no Taskmaster Portugal.

Quando dizes que tinhas medo, era medo exatamente de quê? Tinhas algum trauma com uma atuação?
Sim, como não comecei na comédia por uma vocação divina desde pequena, como foi por acidente e ganhei logo uma audiência porreira nas redes sociais, sentia que no papel tinhas as características...

Irritava-te a pressão para experimentares stand-up?
Não me irritava, mas levava-me demasiado a sério. Agora que tenho alguma distância percebo que pensava que não podia ser uma decisão leviana, e às tantas é preciso ter calma. Isto não é salvar bebés. Agora percebo que se uma pessoa se esforçar e trabalhar num texto com cuidado à partida vai correr bem. É uma coisa muito psicopata subir a palco e tentar fazer as pessoas rir de cinco em cinco segundos. É uma atividade que não recomendo para a sanidade mental, não é saudável. Mas percebi que me estava a pôr num pedestal de exigência, que tinha de fazer e tinha de ser perfeito - e nunca vai ser perfeito e ótimo no stand-up. Nem à primeira, nem à décima, nem à quinquagésima e talvez nunca, porque o stand-up ao ser algo inacabado é meio obsessivo.

Matilde Fieschi

Quando dizes que tinhas medo, era medo exatamente de quê? Tinhas algum trauma com uma atuação?
Sim, como não comecei na comédia por uma vocação divina desde pequena, como foi por acidente e ganhei logo uma audiência porreira nas redes sociais, sentia que no papel tinhas as características...

Irritava-te a pressão para experimentares stand-up?
Não me irritava, mas levava-me demasiado a sério. Agora que tenho alguma distância percebo que pensava que não podia ser uma decisão leviana, e às tantas é preciso ter calma. Isto não é salvar bebés. Agora percebo que se uma pessoa se esforçar e trabalhar num texto com cuidado à partida vai correr bem. É uma coisa muito psicopata subir a palco e tentar fazer as pessoas rir de cinco em cinco segundos. É uma atividade que não recomendo para a sanidade mental, não é saudável. Mas percebi que me estava a pôr num pedestal de exigência, que tinha de fazer e tinha de ser perfeito - e nunca vai ser perfeito e ótimo no stand-up. Nem à primeira, nem à décima, nem à quinquagésima e talvez nunca, porque o stand-up ao ser algo inacabado é meio obsessivo.

Matilde Fieschi

Vais atuar no Campo Pequeno, quatro datas que esgotaram muito rapidamente. Fizeste as contas de quantas pessoas são?
Não me ajuda minimamente. Percebo o feito, orgulho-me muito, mas vou orgulhar-me mais no final, deixa-me sobreviver a isto.

Vou só dizer que é mais do que duas Altice Arenas.
Eu nunca irei para a Altice Arena fazer stand-up, não quero. É uma sala que não faz sentido para stand-up, já no Campo Pequeno perde-se a intimidade, não há qualquer intimidade. Eu gosto de distinguir faces, de ver pessoas a rir. Vou fazer uma sala maior desta vez porque estou balofa. Se dividires, preferias fazer umas 28 vezes o Tivoli.

Porque é que não aceitaste o convite para participar no Taskmaster Portugal?
Eu acho que seria uma excelente concorrente. Sem qualquer modéstia. Convidaram-me todas as vezes, são muito queridos e eu digo sempre amavelmente que não. Hei de ir a um programa como convidada. Acho que é um programa mesmo giro e gosto imenso de o ver, mas não tenho a paixão de fazer parte. Prometo que irei como convidada uma vez.

Matilde Fieschi

Que áreas é que gostavas de explorar depois de stand-up comedy?
Gostava de escrever argumento, de escrever uma série e participar como atriz. Sendo que não sou atriz e acho que não serei boa. Lá está, teria que aprender.

Mais três meses em Nova Iorque?
Não, eu amadureci na perspetiva de aceitar que não faz mal as pessoas verem-me falhar. Não faz mal, não é assim tão grave, ninguém me vai abandonar, está tudo ok. Posso experimentar coisas novas que, se continuar a trabalhar e entregar coisas boas, o risco é nenhum. Era um bocadinho imatura quanto a isto. É um bocadinho egocêntrico, porque estou a pensar na minha imagem, no que as pessoas acham de mim, mas posso permitir-me falhar um bocado. Antes era muito irredutível, muito perfeccionista, ninguém é bom a fazer coisas novas, é muito raro.

Logótipo do podcast Humor À Primeira Vista, com Gustavo Carvalho

Gustavo Carvalho entrevista pessoas para quem a comédia é paixão e profissão. Por vezes abre a porta a conversas sobre outros temas culturais que o entusiasmam, seja sobre teatro, música, digital, televisão ou cinema. A comédia, a arte e a cultura que estão para acontecer, todas as terças-feiras no Humor À Primeira Vista. Oiça aqui mais episódios:

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