Cair com estrondo, mas a sorrir para o futuro

6 meses atrás 55

É assim que se cai de pé, como se costuma dizer. O Lyon mostrou que ainda está um patamar acima, goleou o Benfica por 4-1 e confirmou a passagem às meias finais da Liga dos Campeões. Contudo, não apagou a performance histórica das encarnadas, que elevaram o futebol feminino português, mais uma vez, esta época.

Era o tudo ou nada no sonho encarnado na Liga dos Campeões feminina, depois de tudo ter ficado em aberto na 1ª mão (1-2), na Luz. Filipa Patão promovia três alterações, em relação à vitória frente ao SC Braga (4-1), com as entradas de Catarina Amado, Chandra Davidson e Anna Gasper para os lugares que pertenciam a Andrea Falcón, Pauleta e Andreia Norton. Do lado do Lyon, favorito, a histórica Sonia Bompastor promovia uma revolução no onze inicial, com seis alterações em relação à vitória frente ao Lille (0-7) e o regresso dos «pesos-pesados». O grande destaque, no entanto, era o regresso de Jéssica Silva às opções (banco).

Responder bem para acreditar

O Groupama Stadium, habitual casa da equipa masculina do Lyon, recebia este jogo decisivo da Liga dos Campeões, com uma bela moldura humana nas bancadas, incluindo algumas dezenas de adeptos benfiquistas. Dentro das quatro linhas, o Benfica entrou a pressionar alto, tentando dificultar a saída a jogar a partir de trás do Lyon, mas as francesas foram conseguindo ultrapassar esse momento, jogando um pouco mais direto ao usar Le Sommer como pivot. Face a esse risco assumido das águias, o Lyon foi conseguindo utilizar bem a largura e colocava facilmente muita gente na zona de finalização.

Com bola, o Benfica foi aproveitando a pressão menos intensa, numa primeira fase, do Lyon para ter bola na defesa, mas não passava disso, uma vez que o meio campo gaulês estava a conseguir anular o miolo encarnado, mesmo quando Alidou e Kika Nazareth - muito sacrificadas e esforçadas - baixavam para tentar ajudar.

Alidou empatou em cima do intervalo @Getty /

O Lyon estava melhor - até porque o Benfica não conseguia ter bola no ataque - e teve a primeira grande chance, aos 13', com Diani a aproveitar um erro infantil de Ucheibe para servir Sommer, mas a avançada falhou de forma escandalosa. O Benfica foi sendo obrigado a uma grande entreajuda defensiva e aguentou a fase de maior fulgor adversário, acabando por conseguir respirar ligeiramente melhor com bola. Nessa fase, contudo, surgiu a polémica e, aos 28', a equipa de arbitragem teve o que pareceu um grande erro e não assinalou penálti após a guardiã Endler ter saído da baliza e «socado» a cabeça de Davidson.

Depois desse momento polémico, o Benfica começou a ter mais bola, mas tinha o meio campo algo partido e o Lyon aproveitava para criar perigo pelas alas, com Cascarino - obrigou Pauels a enorme defesa, aos 33', numa transição - e Diani. O golo francês acabou por chegar aos 43', num erro enorme de Laís Araújo, que ao tentar atrasar para Pauels, «ofereceu» por completo o 1-0 a Cascarino. Contudo, a reação lusa foi a melhor possível e apenas dois minutos depois Kika Nazareth fez um grande passe a rasgar, encontrou Lúcia Alves na direita da área e esta serviu Alidou. Voltava tudo a estar em aberto.

Sem pernas, não há sonho

Com o jogo em aberto, Bompastor foi exigente e colocou Egurrola e Dumornay ao intervalo, com a segunda a servir de falsa avançada, para tentar arrastar posições das centrais encarnadas, que iam fazendo marcação individual ao trio ofensivo adversário. O Benfica até pareceu mais confortável com bola numa primeira fase, mas as tais movimentações de Dumornay fizeram a diferença, criaram espaço no miolo e Cascarino conseguiu mesmo bisar, aos 51', num grande remate de fora da área.

O jogo voltava a mudar e o Benfica era obrigado a correr (ainda mais) atrás do prejuízo. Filipa Patão viu a infelicidade de Andreia Faria - até então muito segura no miolo - se lesionar, aos 57', e aproveitou para mudar o desenho, com a entrada de Jéssica Silva (Alidou baixou). Perante o regresso da internacional portuguesa, o Benfica foi tentando explorar mais a sua velocidade na profundidade, mas o Lyon estava a controlar bem, especialmente com Mbock muito forte nesse momento defensivo.

Lyon foi melhor na 2ª parte @Getty /

Com o Benfica a precisar de correr atrás do risco, o jogo abriu. A organização do Benfica no corredor central era menor, especialmente desde a saída de Andreia Faria, mas o cansaço começava a sentir-se. O Lyon, por sua vez, ia conseguindo fazer uma rotação profunda a partir do banco e isso fazia toda a diferença. As francesas eram claramente a equipa mais confortável na partida e foram sempre estando mais próximas do 3-1 do que de sofrer o empate. O Benfica foi-se aguentando e tentou até ao fim relançar a eliminatória, mas, tal como na 1ª mão, faltou pernas para mais.

O Lyon, oito vezes vencedor da Liga dos Campeões feminina, acabou com as esperanças encarnadas ao fazer o 3-1, aos 90+1, por Diani, na sequência de um livre indireto, e, pouco depois, o 4-1, numa infelicidade de Catariana Amado, e, com isso, eliminou o Benfica, seguindo para as meias finais da prova. Contudo, não apagou a performance histórica e gloriosa do Benfica na prova. Há espaço para crescer e melhorar, mas o futuro é risonho, mulheres!

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