Caju de São Francisco da Floresta ajuda a tabanca e leva Guiné-Bissau a Itália

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São Francisco da Floresta é o nome do centro com a maior plantação de cajueiros da zona de Cubucaré e das mais antigas da Guiné-Bissau, onde se produz, transforma e exporta, sem os sobressaltos das regras do mercado que marcam as campanhas do mais importante produto económico nacional.

Localizada a 300 quilómetros da capital Bissau, São Francisco da Floresta foi fundado em 1985 pelo missionário leigo italiano Vittorio Bicego, que morreu cedo, mas aqueles que ajudou, nomeadamente jovens, continuaram o projeto e superaram as expectativas iniciais.

O fundador deixou o emprego na Marzotto em 1979, após uma visita à Guiné-Bissau, que o impressionou pela situação de subdesenvolvimento do país e, em particular, pelas más condições de vida dos jovens, como recordam os amigos.

Conseguiu que o Estado guineense lhe cedesse uma área de floresta e savana de cerca de 2.000 hectares, propriedade da Diocese de Bafatá.

Ali, começou por plantar frutas tropicais, como a manga, o limão, o abacaxi ou a mandioca e cerca de 200 hectares de cajueiros, e apostou, também, num segundo complexo, o de Santa Clara, para empresa agrícola e para se instalar na reforma.

Vitorio morreu em 1998, mas permanece a missão em forma de centro agrícola para melhorar as condições de vida da população da região de Bedanda e desencorajar a fuga dos jovens para a cidade.

A empresa é gerida por um grupo de quinze trabalhadores permanentes com as suas famílias, alguns dos quais chegaram lá com o apoio do fundador.

Mamadu Djaló é atualmente gestor do projeto que, como contou à Lusa, "quando morreu o Vitorio, os amigos não deixaram acabar, nem abandonaram os meninos que ele tinha".

Em vez de abandonar, continuaram o projeto e apostaram na agricultura e na transformação do caju, construíram a fábrica, foram comprando as máquinas e "aos poucos chegaram onde nunca pensaram chegar", como enfatizou.

O caju de São Francisco da Floresta "é uma marca", não tem o problema da comercialização, é todo escoado e ao preço que quem produz fixa.

"Nós aqui nunca tivemos problemas, não vendemos um quilo de produto bruto na Guiné-Bissau, transformamos tudo e mandamos para Itália", sustentou.

Colhem em bruto entre "50 a 60 toneladas" de caju, descascam, embalam e enviam anualmente um contentor com 11 toneladas de amêndoa (de acaju) limpa e embalada para Itália.

Os amigos do fundador italiano continuam a ajudar o projeto, através da cooperativa Tabanka, em Itália, que vende na zona de Verona o caju com a marca "São Francisco da Floresta Centro Agrícola, Guiné-Bissau, região de Tombali".

Diz-se que o Vaticano come caju da Guiné-Bissau e Mamadu admite que, "em Itália, a amêndoa também" chega lá.

As receitas das vendas são remetidas para a Guiné-Bissau e sustentam o projeto, concretamente servem para pagar aos trabalhadores, "16 a 17 permanentes" e "70 e tal eventuais", na época da campanha.

São Francisco da Floresta dá trabalho, sobretudo às mulheres, mas também a guineenses de outras zonas do país e até estrangeiros vizinhos da fronteira.

Na fábrica de Santa Clara há trabalho a transformar as frutas em compotas vendidas, também, em Itália, com o rótulo da Guiné-Bissau.

A missão criada e gerida por leigos, como vincou Mamadu, "é estar junto e trabalhar com a comunidade".

Se houver um problema na tabanca, tiram dos fundos e ajudam a resolver o problema da população, como disse, nomeadamente no caso de alguém adoecer e necessitar ser transportado para o hospital.

O projeto está a crescer com a construção de uma fábrica de descasque de arroz, a base alimentar da população guineense, financiada pelo programa da União Europeia Ianda Guiné.

A fábrica destina-se a recolher e preparar o arroz que se produz localmente para ser vendido "exclusivamente às comunidades locais, a preços mais baixos que os praticados no mercado.

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