Caldas da Rainha. ERS abre inquérito ao caso da grávida que sofreu aborto espontâneo

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Saúde

06 ago, 2024 - 18:42 • Ana Kotowicz

IGAS e ERS vão cooperar na investigação do caso. Hospital também abre inquérito, mas a "contra-gosto".

A Entidade Reguladora da Saúde já abriu um inquérito ao caso da grávida das Caldas da Rainha. Depois de um aborto espontâneo, uma grávida dirigiu-se na segunda-feira ao hospital daquela localidade, a sangrar, e com o feto, já morto, dentro de um saco. Inicialmente ter-lhe-á sido negado o atendimento, uma vez que as urgências de obstetrícia estavam encerradas, relatou fonte dos bombeiros à Renascença.

O Hospital das Caldas tem negado esta versão dos factos e, segundo o Observador, irá abrir um inquérito interno. No entanto, citada por aquele jornal, a presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Oeste, Elsa Baião, revelou que o hospital vai abrir um inquérito interno “um bocadinho a contragosto”, considerando que se trata de um “não assunto”.

Recusada assistência a grávida nas Caldas da Rainha. Hospital rejeita acusações

Em comunicado enviado às redações, a ERS explica que, no quadro das suas atribuições, "instaurou um processo de avaliação a este caso",. Também a IGAS, Inspeção Geral das Atividades em Saúde, já tinha confirmado a abertura de um inquérito sobre o sucedido no hospital que pertence à Unidade Local de Saúde [ULS] do Oeste.

Unidade foi inspecionada em 2022

Em ambos os comunicados, quer da IGAS quer da ERC, recorda-se que há dois anos aquela unidade de saúde tinha sido alvo de uma investigação, também devido a falhas no atendimento a uma grávida.

"Em junho de 2022, a IGAS realizou uma inspeção às circunstâncias envolvidas na assistência de urgência a uma mulher grávida em trabalho de parto nesta mesma unidade hospitalar, no âmbito do qual foram emitidas cinco recomendações, quatro das quais foram dirigidas ao então Centro Hospitalar do Oeste, E.P.E. (a quinta recomendação foi dirigida à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, I.P.)", lê-se na nota.

O processo foi concluído em maio de 2023, "tendo o órgão de gestão do estabelecimento apresentado evidências do acolhimento das quatro recomendações" que lhe foram dirigidas.

Sobre o caso atual, a ULS Oeste, apesar de confirmar que a urgência de ginecologia e obstetrícia "não estava a funcionar", nega ter recusado atender a utente. "Temos registo que a utente apenas entrou no hospital às 08h04 de hoje, tendo sido de imediato admitida. Em momento algum foi recusada a sua admissão, nem temos registo de várias insistências para admissão", lia-se na nota de imprensa divulgada na segunda-feira.

Confrontado com este esclarecimento e ouvido pela Lusa, o comandante da corporação dos bombeiros de Caldas da Rainha Nelson Cruz (o mesmo que prestou declarações à Renascença) acusou a ULS Oeste — de "faltar à verdade", argumentando que "se a urgência estava fechada, não há registo na admissão de doentes".

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