Câmara da Amadora apela à "manifestação pacífica" depois de desacatos

2 horas atrás 24

"No âmbito das estreitas relações institucionais com a PSP, a Câmara Municipal da Amadora está a acompanhar de perto os eventos ocorridos recentemente no Bairro do Zambujal e na Cova da Moura, relembrando que estão a decorrer as devidas diligências por parte dos órgãos de investigação criminal", indica a Câmara da Amadora, numa nota enviada à Lusa.

Lamentando todos as situações que coloquem em causa "a ordem pública e a segurança de todos, bem como todos os atos de vandalismo no espaço público", o município do distrito de Lisboa liderado por Vítor Ferreira (PS) apela "à manifestação pacífica, serena, sem violência de qualquer ordem".

Na nota, a Câmara da Amadora assegura ainda que continuará a intervir para garantir "a devolução do espaço público e equipamentos aos moradores".

Um autocarro ficou hoje ao final da tarde completamente destruído no bairro do Zambujal, no cruzamento das ruas das Galegas e do Cerrado do Zambujeiro.

Segundo relatou à Lusa uma moradora, o autocarro foi mandado parar por um grupo de jovens do bairro que, depois de o motorista sair, lançou fogo à viatura. Foram também ouvidas explosões e disparos, perto de prédios de habitação no interior do bairro.

Equipas de Prevenção e Reação Imediata (EPRI) e de Intervenção Rápida (EIR) da PSP, que se encontravam na Praça São José, num dos acessos ao Zambujal, deslocaram-se nessa altura para o interior do bairro, dispositivo pouco depois reforçado com quatro carrinhas e outra viatura da Unidade Especial de Polícia.

Ainda durante a tarde, moradores do Zambujal promoveram uma concentração no bairro para exigirem "justiça" pela morte de Odair Moniz, 43 anos, na madrugada de segunda-feira, baleado por um agente da PSP.

Os manifestantes acabaram por desmobilizar após cerca de 20 minutos, mas ao longo da tarde continuaram a ouvir-se petardos a rebentar no interior do bairro.

Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a direção nacional da PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial na Avenida da República, na Amadora, e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigem uma investigação "séria e isenta" para apurar "todas as responsabilidades", considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias. De acordo com os relatos recolhidos no bairro pelo Vida Justa, o que houve foram "dois tiros num trabalhador desarmado".

Na segunda-feira, o Ministério da Administração Interna determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito urgente e também a PSP anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as circunstâncias da ocorrência. O agente que baleou o homem foi entretanto constituído arguido, indicou fonte da Polícia Judiciária.

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