“Carlos Costa disse-me para estar quieto.” Ricciardi tentou alertar BdP sobre Salgado

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Caso BES

17 out, 2024 - 17:07 • Diogo Camilo

Ex-administrador do BES teve uma reunião com o governador do Banco de Portugal em outubro de 2013, nove meses antes da queda do BES, onde avisou Carlos Costa de que "tinha a sensação de que havia um banco dentro do banco". Supervisor "assobiou para o lado".

José Maria Ricciardi comunicou ao ex-governador do Banco de Portugal (BdP) que tinha a sensação de que havia um “banco dentro do banco” nove meses antes da queda do Banco Espírito Santo (BES), mas o supervisor disse-lhe para “estar quieto” e “assobiou para o lado”.

O ex-administrador do BES, em audição no Campus da Justiça durante o julgamento do caso BES, sentiu a necessidade de comunicar ao órgão que supervisiona os bancos por sentir “completamente incomportável” a situação no banco, na figura de Ricardo Salgado, que “centralizava o poder”.

Tinha a sensação que havia um banco dentro do banco e de que havia uma data de coisas que se passava entre os administradores”, afirma a testemunha, que fez parte do Conselho Superior do GES até 2014.

Na reunião com Carlos Costa, Ricciardi disse-lhe que pretendia demitir-se e que não queria ficar no Grupo Espírito Santo para “mais tarde arcar com responsabilidades” de atos em que não esteve envolvido.

José Maria Ricciardi. "O doutor Salgado fazia tudo o que queria e sobrava-lhe tempo"

A resposta de Carlos Costa foi negativa, indicando que uma guerra entre primos “estava a perturbar o setor financeiro”.

Carlos Costa assobiou para o lado, não quis saber de nada e disse-me para estar quieto”, indicou.

Numa nova mensagem ao governador, em dezembro de 2013, após reunião em novembro do mesmo ano - e antes da resolução do BES em agosto de 2014 -, Ricciardi fala de como estava contra a maneira de Salgado liderar o banco e o grupo.

“Manifestei a minha discordância sobre a forma como tem sido exercido a liderança executiva , em que tem prevalecido a centralização do poder na pessoa do Presidente da Comissão Executiva”, refere a missiva apresentada em julgamento.

Até ao momento, apenas o Ministério Público interviu na audição a José Maria Ricciardi, faltando ainda os assistentes, arguidos e coletivo de juízes questionarem o antigo administrador do BES. Assim, a juíza Helena Susano decidiu que o ex-administrador voltará ao Campus da Justiça esta sexta-feira, para a sessão da manhã e da tarde.

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