Carlos Moedas: “É muito grave duas capitais não estarem ligadas por alta velocidade, mas não invalida Lisboa-Porto”

9 meses atrás 84

Declarações do presidente da Câmara de Lisboa não têm sido bem recebidas por alguns autarcas nacionais. “Esta linha de Sines que está a ser construída, para mercadorias, também poderia ser para passageiros e depois ligar a Madrid. Perguntem ao presidente da Câmara de Elvas e ao presidente da Câmara de Beja se não é uma excelente ideia”, sugeriu.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) reiterou esta quinta-feira a ideia de que não existir TGV entre Lisboa e Madrid “é muito grave” e justificou as declarações sobre a Linha de Alta Velocidade que geraram críticas da Associação Comercial do Porto e dos autarcas de Coimbra e Leiria.

“Daqui a alguns anos, quando tivermos menos voos de curta duração e mais ferrovia, esta ligação seria claramente importante, mas isso não invalida dentro do próprio país haver as suas ligações, Lisboa-Porto ou outras que sejam necessárias”, afirmou Carlos Moedas, dias depois de admitir considerar incompreensível que LAV Lisboa-Madrid não seja uma prioridade, o que gerou contestação entre alguns homólogos.

“Não termos Lisboa-Madrid é muito grave. É muito grave duas capitais não estarem interligadas por alta velocidade. Muitas das pessoas que trabalham na tecnologia precisam de ter acesso a Madrid”, reiterou, em declarações aos jornalistas à margem do lançamento da primeira pedra do novo campus tecnológico da Deloitte no Largo do Rato, em Lisboa.

Para o autarca de Lisboa, é relevante que haja esta ligação à metrópole espanhola, porque Portugal está a ocidente na Europa, e Sines pode ser uma solução. “Esta linha de Sines que está a ser construída, para mercadorias, também poderia ser para passageiros e depois ligar a Madrid. Perguntem ao presidente da Câmara de Elvas e ao presidente da Câmara de Beja se não é uma excelente ideia. O interior também precisa”, propõe.

Questionado sobre o facto de as listas da Aliança Democrática (AD) deixarem de fora históricos do PSD, disse que contêm “bons exemplos de pessoas em várias áreas”, nomeadamente advogados, economistas ou especialistas em ciências sociais, mas advertiu que os partidos devem ser mais abertos.

“Como presidente da Câmara, sou militante do PSD, mas represento muitas forças políticas que uniram em Lisboa num projeto para a cidade. Não comento escolhas políticas dos partidos. O que digo sempre é que os partidos se devem abrir mais à sociedade e que os deputados representem essa sociedade”, argumentou.

Nesta cerimónia que marca formalmente o início das obras no próximo edifício da Deloitte, Carlos Moedas fez ainda referência à importância de acelerar o licenciamento urbanístico. “Já estamos a aprovar a arquitetura para os pequenos projetos em dois meses, para os médios (menos de 1.800 m2) conseguimos aprovar em cinco meses e para os grandes, que demoravam anos, passou para menos de um ano, dez meses”, revelou.

“Quando o investimento privado espera anos e anos por uma licença, os preços [da habitação] aumentam. Se tivermos um serviço de urbanismo que aprova mais rapidamente conseguimos preços mais acessíveis”, concluiu, lembrando que neste mandato na autarquia de Lisboa foram investidos 500 milhões de euros em habitação acessível e habitação apoiada.

Ler artigo completo