Carlos Tavares: “Tarifas de importação poderão ter um efeito positivo”

1 mes atrás 64

Apesar de já ter dito que não concordava com as tarifas de importação, Carlos Tavares, CEO da Stellantis, admite que poderão ser benéficas a curto prazo.

Durante a divulgação dos resultados do primeiro semestre de 2024 da Stellantis, Carlos Tavares, diretor-executivo do grupo, mostrou uma nova perspetiva sobre as tarifas de importação impostas aos elétricos fabricados na China.

Não é a primeira vez que Tavares se pronuncia sobre esta temática, sendo que no início do mês o mesmo se referiu a estas como “um erro”. Acusou a União Europeia de continuar a tomar decisões na “via do emocional”, ao invés de na “via do racional”, como aconteceu anteriormente com o escândalo Dieselgate.

Porém, o executivo português mostrou-se agora mais positivo em relação à probabilidade da implementação destas tarifas, pelo menos a curto-prazo.

De acordo com Carlos Tavares, “o mercado europeu vai estar sob uma pressão significativa (relativamente aos preços) devido à ofensiva chinesa, mas também é verdade que, especificamente para este mercado, as tarifas de importação vão abrandar ou reduzir essa pressão”.

Essencialmente, Tavares quer evitar o cenário que se vive na China, onde a guerra de preços reduziu a zero, ou praticamente, as margens de rentabilidade por carro vendido. Ou seja, pelo menos a curto-prazo, “as tarifas poderão ter um efeito positivo” na evolução dos preços e da rentabilidade, uma vez que absorvem a vantagem de custo que os automóveis produzidos na China trazem.

“Tarifas aduaneiras de 31% a 38% vão ter um impacto no posicionamento de preço, uma vez que absorvem os 30% de vantagem nos custos que os chineses têm.”

Carlos Tavares, CEO da Stellantis

Desta forma, “as tarifas de importação na Europa podem vir ajudar a «acalmar» o ambiente, face àquilo que poderíamos esperar sem elas. Isso ajudará na obtenção de lucro”, declarou.

Plano de eletrificação

Tendo em consideração este novo fator, o das tarifas de importação, a que se junta a perda de momento na venda de automóveis elétricos, Carlos Tavares respondeu se pretende ou não alterar os planos estabelecidos de eletrificação da Stellantis.

Peugeot 3008, frente 3/4© Peugeot Peugeot 3008

Recorde que no início do ano Carlos Tavares tinha dito que não ia tirar o pé do acelerador relativamente aos planos de eletrificação do grupo, apesar de na altura ser já evidente que o mercado de elétricos estava a abrandar.

São vários os construtores que agora anunciam perdas (não conseguem cobrir os custos, que são muito elevados) e estão a mudar de estratégia. Tavares, por outro lado, mantém os planos estabelecidos.

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Isto porque a Stellantis optou por definir uma estratégia assente em plataformas multinenergias, em vez de plataformas exclusivas para elétricos. Uma opção, que na altura, levantou dúvidas sobre o seu sucesso.

“Com as plataformas multienergias, nós somos os melhores na indústria em termos de performance. Não há nada mais que o cliente queira ter no carro. Esta é, por isso, a melhor estratégia.”

Carlos Tavares, CEO da Stellantis

De acordo com Tavares, a sua estratégia de eletrificação “não tem mais razões para ser tema de debate. Dadas as incertezas desta indústria e tendo em conta que é fácil antecipar que vão haver obstáculos na eletrificação, é fácil perceber que esta é a estratégia certa.”

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