Casa Branca "dececionada e ofendida" com palavras de Netanyahu

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"Esses comentários foram profundamente dececionantes e certamente ofensivos para nós, dada a extensão do apoio que fornecemos e continuaremos a fornecer", afirmou aos jornalistas o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.

John Kirby alegou que "nenhum outro país está a fazer mais para ajudar Israel a defender-se" contra o grupo islamita palestiniano Hamas e outras ameaças regionais.

Num vídeo publicado há dois dias na rede social X, Benjamin Netanyahu disse ser "inconcebível que nos últimos meses [o Governo norte-americano] pudesse reter armas e munições para Israel".

Antes de Kirby, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, já se tinha pronunciado, na terça-feira, com palavras que denotavam o agastamento de Washington em relação a Netanyahu: "Realmente não sabemos do que ele está a falar".

Em reação às declarações de John Kirby, Netanyahu divulgou hoje uma mensagem afirmando estar disposto "a sofrer ataques pessoais desde que Israel receba dos Estados Unidos as armas de que necessita na guerra para a sua existência".

O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, por sua vez, explicou que os Estados Unidos "continuavam a examinar" uma entrega específica de bombas a Israel, que tinha sido suspensa por receio de que fossem usadas na operação em Rafah, no sul da Faixa de Gaza - e que Washington desaconselhou devido às potenciais elevadas vítimas civis -, mas que todos os outros envios de ajuda militar decorriam normalmente.

John Kirby também indicou que o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, se encontraria hoje com o homólogo israelita, Tzachi Hanegbi, e com Ron Dermer, ministro de Assuntos Estratégicos de Israel.

Os dois enviados israelitas também deverão reunir-se durante o dia com Antony Blinken, segundo um alto funcionário norte-americano.

Este episódio junta-se a uma lista de casos em que a Casa Branca e, em concreto o Presidente norte-americano, Joe Biden, manifesta discordâncias com o Governo israelita e com Netanyahu sobre a forma como está a ser conduzida a guerra na Faixa de Gaza, devido à elevada quantidade de vítimas civis e ao nível de destruição, além do desastre humanitário que se instalou no enclave palestiniano.

O conflito em Gaza foi desencadeado pelo ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, deixando cerca de 1.200 mortos e levando mais de duas centenas de reféns.

Desde então, as forças israelitas têm em curso uma vasta operação militar na Faixa de Gaza, onde já morreram mais de 37 mil pessoas, na maioria civis, num conflito que ameaça alastrar ao Líbano e a outras regiões do Médio Oriente.

Netanyahu enfrenta também uma vaga de protestos no seu país, exigindo a sua demissão e o regresso dos reféns em posse do Hamas.

Hoje encontrou-se com Shlomi Ziv, que foi resgatado da Faixa de Gaza na operação militar de 08 de junho, que provocou mais de 200 mortos palestinianos.

O primeiro-ministro israelita reuniu-se anteriormente com alguns dos familiares de reféns que se sabe estarem mortos na Faixa de Gaza, e que prometeu trazer de volta através de uma ação militar.

Segundo a imprensa israelita, alguns familiares recusaram-se a comparecer à reunião.

"Não deixaremos a Faixa de Gaza até que todos os raptados regressem e não sairemos até eliminarmos as capacidades militares e governamentais do Hamas", disse Netanyahu em comunicado.

"Esta é a minha posição, quem se opõe deve fazê-lo abertamente", alertou, numa alusão ao porta-voz militar, Daniel Hagari, que na quarta-feira à noite em declarações aos meios de comunicação israelitas questionou se ambos os objetivos eram realistas.

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