Edgar Nascimento 01:00
Desde setembro, quando foi detetado no concelho de Évora o primeiro caso do serotipo 3 do vírus da febre catarral ovina (doença da língua azul), já foram confirmados casos em 56 explorações de 26 concelhos, em seis distritos. Em pouco mais de um mês, o vírus passou a cobrir uma área desde Idanha-a-Nova até Serpa, atingindo explorações pecuárias nos distritos de Castelo Branco, Portalegre, Évora, Beja, Santarém e Setúbal.Segundo dados disponibilizados ao CM pelo Ministério da Agricultura e Pescas, Évora e Beja são os distritos com mais explorações afetadas (um total de 40). A vacinação, que não é obrigatória para o serotipo 3, foi autorizada pelo Ministério da Agricultura e Pescas logo após a deteção do primeiro caso, por um período de um ano. Dados oficiais indicam que desde 29 de setembro foram administradas quase 69 mil vacinas, a maior parte das quais - 43 186 - a ovinos, em 92 explorações, enquanto 25 204 foram dadas a bovinos, em 46 explorações. Na sexta-feira, a Confederação dos Agricultores de Portugal alertou para o elevado número de animais abatidos nas últimas semanas e para os “impactos financeiros crescentes” que os produtores vivem devido ao alastrar da doença. “Nos últimos dias, o número de animais recolhidos [cadáveres] ultrapassou a marca de mil por dia”, assinalou a CAP.Ao CM, o Ministério da Agricultura explica que no Alentejo, entre 1 de setembro e 18 de outubro, a taxa de mortalidade nas áreas afetadas re- presenta 0,8% do total de animais. A tutela frisa que está em curso um “plano nacional de desinsetização para evitar a propagação do vetor transmissor da doença”. “Este plano vai permitir evitar a propagação não só do serotipo 3 da doença da língua azul, mas também de outras doenças transmitidas por insetos como, por exemplo, a doença hemorrágica dos bovinos”, refere.
Doença não é transmissível aos seres humanos
O vírus da febre catarral ovina é transmitido por um mosquito. A doença é infecciosa, não contagiosa e não transmissível aos seres humanos. Existem 24 serotipos, que se traduzem por 24 doenças diferentes sem imunidade cruzada entre elas. Em Portugal foram detetados serotipo 1 (entre 2007 e 2021), 4 (entre 2004 e 2023) e 3 (primeiro caso em setembro deste ano). Açores e Madeira são regiões livres de língua azul.
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