Catarina Martins alerta que Portugal "não é o 'resort' da Europa"

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Catarina Martins visitou esta manhã a associação de moradores da Lapa e ouviu a história das casas que podiam ter sido construídas mas nunca foram.

No âmbito do Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), programa estatal de construção habitacional, lançado em 1974, logo após a Revolução dos Cravos, foram construídas 74 casas na Lapa, distrito do Porto, mas as cerca de 120 que tinham sido projetadas para a segunda fase ficaram pelo caminho.

Da janela da associação de moradores é possível ver um imponente empreendimento, o Renaissance Park Hotel, e as obras da Câmara Municipal do Porto, que está a construir o parque urbano da Lapa -- obra pela qual os moradores lutavam há anos mas que só foi possível após a autorização da construção do hotel, afirmaram os responsáveis.

"Digamos que foi um mal menor mas achamos que o ideal seria fazer a segunda fase das casas porque o centro do Porto está muito mau", defendeu Carlos Ferreira, presidente da associação de moradores, que também explicou que nunca foi dada qualquer explicação a estes cidadãos sobre a segunda fase de construção das casas.

"Portugal recebe bem e temos orgulho nisso mas Portugal não é um 'resort' da Europa. Portugal é um país que tem que ter respostas de habitação para quem aqui vive e trabalha e nós aqui no centro do Porto estamos a ver o exemplo do pior que se tem feito: onde devia nascer habitação, nascem hotéis, hotéis de luxo, vistos 'gold', deixando as pessoas para trás", criticou Catarina Martins, em declarações aos jornalistas.

A candidata bloquista salientou que o hotel construído neste bairro contou com o apoio de 160 investidores que chegaram ao país via vistos 'gold'.

"São 160 vistos 'gold' num hotel gigantesco que cresce onde devia existir casas. Os vistos 'gold' são a única forma de portas escancaradas à imigração", defendeu.

Além da construção de casas, os moradores reivindicaram durante anos melhores acessos, agora construídos, e estão a fazer por sua conta a requalificação das casas com quase 50 anos.

"São quase as obras de Santa Engrácia, estamos a pagar conforme podemos", brincou Carlos Ferreira, que detalhou que o custo total ascende aos 500 mil euros, dinheiro que está a ser angariado pelos moradores que tiveram "a benesse" da autarquia de não pagar IMI durante cinco anos para ajudar.

A candidata bloquista argumentou que "quando dizem que há falta de construção e é esse o problema da habitação, nós respondemos que não é falta de construção, é o que é que se constrói".

"E, portanto, uma zona que era um espaço no centro do Porto para haver mais habitação o que aconteceu foi que os terrenos públicos foram para mais hotéis, enfim, onde estas pessoas não vão morar seguramente", defendeu Catarina Martins, que hoje vai dedicar o dia ao tema da habitação com uma visita a uma residência de estudantes durante a tarde.

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