"Libertem os presos políticos" e "a Rússia vai ser livre" foram algumas das frases entoadas em coro pelas centenas de pessoas, sobretudo jovens russos, que hoje se juntaram em frente à representação russa em Lisboa, para prestar homenagem a Alexei Navalny.
O opositor russo, um dos principais críticos de Vladimir Putin, morreu na prisão, segundo informou na sexta-feira o serviço penitenciário federal da Rússia.
Os apoiantes de Navalny concentraram-se ao redor de uma árvore que funciona como memorial onde são depositadas flores, velas e cartazes onde é possível ler, entre outras mensagens, "Alexei foi assassinado por Putin" ou "Não vamos desistir".
"O nosso líder está morto, mas a nossa resposta é 'mataram um Alexei Navalny, vai haver milhões de Alexei Navalnys'", disse à Lusa Timofei Bugaevskii, que participa todos os sábados em concentrações contra o regime de Vladimir Putin.
Também Maria Alandarenko, que conhecia Navalny desde 2011 e apoiou a equipa do opositor antes de deixar a Rússia e vir para Portugal, lembrou todos os presos políticos na Rússia, condenados apenas porque "disseram a verdade", alertando para o perigo que correm.
Visivelmente transtornada, Alandarenko deixou uma mensagem a todos os europeus: "Não pensem que a Rússia é muito longe, que Putin está longe", alertou.
Admitindo não saber como parar Vladimir Putin, a jovem russa acredita que é o chamado "mundo livre" que pode fazer a diferença, porque, disse, na Rússia "é impossível" lutar.
"Putin é o principal inimigo de todos os seres humanos. Precisamos de mais políticos, mais jornalistas, mais ativistas, toda a gente devia unir-se [contra ele]", instou.
Para Yuri B., "Putin deve ser remetido aos livros de história e não deve pertencer ao mundo real".
"O futuro é a paz, todas as nações em comunidade e não divididas por diferentes ideologias e pontos de vista. A guerra é algo do passado, não pertence no século XXI", defendeu, em declarações à Lusa, condenando a invasão da Ucrânia, levada a cabo pelo regime de Putin.
Navaly, 47 anos, estava numa prisão no Ártico, para cumprir uma pena de 19 anos de prisão sob "regime especial" e, segundo aqueles serviços, sentiu-se mal depois de uma caminhada e perdeu a consciência.
Até ao momento, a equipa de Navalny não confirmou esta informação, mas destacados dirigentes ocidentais e os apoiantes do opositor responsabilizam o presidente russo, Vladimir Putin, pela sua morte.
De acordo com a organização não-governamental OVD-Info, mais de cem pessoas foram detidas em diversas concentrações na Rússia em memória de Navalny.
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