Chefe da UNRWA acusa Israel de "campanha concertada" para fechar a agência

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“A Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina está num ponto de rutura”, começou Philippe Lazzarini por declarar na Assembleia Geral da ONU, acrescentando que em breve a UNRWA pode ficar em condições de cumprir as suas funções se tiver cortes no financiamento, em consequência das alegações de Israel.

“Setenta e cinco anos após a sua criação por esta Assembleia como entidade temporária da ONU, enquanto se aguarda uma solução política justa para a questão da Palestina, a capacidade da Agência para cumprir o seu mandato está seriamente ameaçada”.

Nesse sentido, Lazzarini reforça que a crise financeira que a organização enfrenta “deve ser resolvida para que esta possa continuar as suas operações que salvam vidas”.

No discurso na Assembleia Geral da ONU, Lazzarini acusou Israel de levar a cabo uma campanha de desinformação contra a UNRWA.

"As operações da agência são mandatadas por esta Assembleia e parte desta campanha passa por inundar os financiadores com desinformação destinada a fomentar a desconfiança e a manchar a reputação da agência. Mais flagrante ainda é o facto de o primeiro-ministro israelita ter declarado abertamente que a UNRWA não fará parte da Gaza do pós-guerra", afirmou.

O responsável da agência da ONU acrescentou que a execução deste plano já está em curso com a "destruição" das infraestruturas da UNRWA "em toda a Faixa de Gaza". Para Lazzarini, "só a UNRWA tem a capacidade de prestar serviços, incluindo educação e cuidados de saúde primários em grande escala, na ausência de uma autoridade estatal de pleno direito".

"O fornecimento de educação a meio milhão de crianças profundamente traumatizadas que vivem entre escombros está claramente ausente das discussões sobre a transferência da prestação de serviços em Gaza", salientou o chefe da UNRWA.


— UNRWA (@UNRWA) March 4, 2024
O número de crianças que já morreram devido a subnutrição e a cuidados médicos inadequados em Gaza aumentou para 16, de acordo com fontes médicas. E com a suspensão das entregas de comida por parte do Programa Alimentar Mundial, milhares de palestinianos estão a fugir da fome no norte do enclave e a dirigir-se para sul em busca de alimentos.

Tendo em conta este cenário, o líder da UNRWA advertiu que o "pior ainda está para vir", denunciando a morte de "bebés de meses" devido a "subnutrição e desidratação" e amputações em crianças sem "anestesia".

O Exército israelita acusou, nos últimos dias, a UNRWA de empregar “mais de 450 terroristas” e divulgou alegadas gravações de dois funcionários, em que descrevem a sua participação no ataque do Hamas contra Israel.

This evening, the IDF will declassify more evidence proving the inhumane behaviour of Hamas’ terrorists, and the horrific crimes of Oct. 7, as well as the clear connection between Hamas terrorists and @UNRWA.

These and further details have already been shared with our partners…

— Israel Defense Forces (@IDF) March 4, 2024

De acordo com o exército, os serviços de informações determinaram que a UNRWA “emprega mais de 450 membros de organizações terroristas na Faixa de Gaza, principalmente o Hamas” e que estes grupos “exploram rotineiramente organizações de ajuda internacional para fins terroristas”.

Para o porta-voz do exército israelita, Daniel Hagari, a colaboração dos funcionários da UNRWA com o Hamas não é um acontecimento isolado, mas um padrão.

C/agências

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