Chega espera que Albuquerque continue a ceder e se afaste do Governo

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"Miguel Albuquerque começou a ceder. Nós esperamos é que continue a ceder até conseguirmos aquilo que queremos, que é que ele se afaste", afirmou Miguel Castro, em declarações aos jornalistas após ter sido interrompida a discussão do Programa do Governo, que decorria no parlamento madeirense, no Funchal.

O presidente do executivo da Madeira anunciou hoje ao final da tarde a decisão de retirar a proposta do Programa do Governo, admitindo que não teria condições para ser aprovada na quinta-feira.

O documento seria chumbado, uma vez que PS, JPP e Chega anunciaram o voto contra. Os três partidos somam um total de 24 deputados dos 47 que compõem o hemiciclo, o que equivale a uma maioria absoluta.

Miguel Castro defendeu que esta decisão constitui "uma vitória do Chega" e insistiu que o partido "sempre disse" que não viabilizaria um governo à esquerda e que só estaria disponível para apoiar um executivo liderado pelos sociais-democratas se Miguel Albuquerque se afastasse, uma vez que é arguido num processo judicial que investiga suspeitas de corrupção.

O líder do Chega/Madeira e presidente do grupo parlamentar referiu ainda que hoje à tarde foi chamado para um encontro com o PSD e o Governo Regional, no âmbito de uma ronda negocial com os partidos da oposição, tendo reiterado que iria votar contra, tal como já tinha anunciado em 10 de junho.

"Nós dissemos que o que é ideal será Miguel Albuquerque se afastar. Eu acho que agora caberá ao próprio PSD fazer essa introspeção, verem se realmente há essa possibilidade de mudarem o candidato ou não e depois será com eles", reforçou.

Questionado se "poderá repensar alguma coisa" com a introdução de mais medidas do Chega na nova proposta, Miguel Castro respondeu: "Nós vamos ver, vamos sentir o que é que a população quer", disse, rejeitando que tenha de haver necessariamente novas eleições.

"Com a liderança de Miguel Albuquerque sempre dissemos que para nós não seria uma viabilização. Não sabemos, vamos ouvir agora o que é que eles querem neste período, mas verdade é que hoje, mais uma vez, o Chega tem este condão e agora vamos de alguma forma estudar o caso das possibilidades", acrescentou.

Nas eleições regionais antecipadas de 26 de maio, o PSD elegeu 19 deputados, ficando a cinco mandatos de conseguir a maioria absoluta (para a qual são necessários 24), o PS conseguiu 11, o JPP nove, o Chega quatro e o CDS-PP dois, enquanto a IL e o PAN elegeram um deputado cada.

Já depois das eleições, o PSD firmou um acordo parlamentar com os democratas-cristãos, ficando ainda assim aquém da maioria absoluta. Os dois partidos somam 21 assentos.

Também após o sufrágio, o PS e o JPP (com um total de 20 mandatos) anunciaram um acordo para tentar retirar o PSD do poder, mas o representante da República, Ireneu Barreto, entendeu que não teria viabilidade e indigitou Miguel Albuquerque.

As eleições de maio realizaram-se oito meses após as legislativas madeirenses de 24 de setembro de 2023, depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando Miguel Albuquerque foi constituído arguido num processo sobre alegada corrupção.

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