A mulher, que se identificou como Wang Di, disse que está a estudar num programa de doutoramento na Faculdade de Artes da Universidade Renmin da China.
No domingo, publicou um vídeo de 59 minutos na rede social Weibo no qual afirma que o professor, ex-vice-reitor e antigo representante do Partido Comunista na escola, abusou dela física e verbalmente.
Disse ainda que, durante mais de dois anos, depois de o ter rejeitado, ele lhe atribuiu muitas tarefas não pagas, repreendeu-a e ameaçou impedir a sua formação.
A acusação incluiu excertos de áudio que, segundo ela, constituem prova do assédio. Num deles, pode ouvir-se um homem a tentar beijar uma mulher, que não parava de dizer: "Não, não, professor".
"Neste momento, não aguento mais e não tenho como escapar, por isso estou a falar", escreveu. A denunciante exigiu que o professor fosse punido e que lhe fosse nomeado um novo supervisor. No vídeo, ela usava uma máscara, mas segurava um cartão de identificação.
Na China, as acusações públicas de assédio sexual tornaram-se raras nos últimos anos, após um aumento, durante um breve movimento #MeToo que foi rapidamente eliminado pelo governo. O Partido Comunista vê os movimentos sociais poderosos como uma potencial ameaça à estabilidade e ao seu poder.
A sua publicação teve 2,2 milhões de gostos até à noite de segunda-feira, com muitos utilizadores a deixarem comentários de apoio à estudante.
O professor não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A Universidade Renmin disse hoje que concluiu que as queixas contra o professor eram verdadeiras após uma investigação. Para além de o ter despedido, também lhe retirou a filiação partidária e comunicou o incidente às autoridades, em conformidade com a lei, segundo um comunicado publicado no Weibo.
A universidade afirmou que o académico "traiu seriamente a missão original de ensinar e educar" e que os seus atos violaram a disciplina do partido e as regras da escola.
Depois de a universidade ter anunciado a sua decisão, a publicação da mulher no Weibo desapareceu.
Em junho, uma jornalista chinesa que promoveu os direitos das mulheres no âmbito do movimento #MeToo foi condenada a cinco anos de prisão sob a acusação de incitamento à subversão da autoridade do Estado, segundo os seus apoiantes.
Num dos casos mais mediáticos, a antiga estrela do ténis chinês, Peng Shuai, deixou de ser vista em público depois de ter acusado o antigo alto funcionário Zhang Gaoli de agressão sexual em 2021. A sua acusação foi rapidamente apagada da Internet e a discussão sobre o assunto continua a ser fortemente censurada.
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