Chissano: “Um Presidente que não seja da Frelimo, se provado que foi eleito, será aceite... Penso eu”

2 horas atrás 21

Seria uma surpresa que Chapo não fosse eleito, mas a Renamo tenta, de novo, quebrar o longo ciclo da Frelimo no poder em Moçambique — acredita que vai instalar Ossufo Momade no Palácio da Ponta Vermelha.

E, desta vez, há uma outra via a gerar alguma expectativa: Venâncio Mondlane é apoiado pelo Podemos, de Moçambique, que não tem representação parlamentar.

Esta quarta-feira, mais de 17,1 milhões de moçambicanos foram às urnas, para, além do parlamento e governadores provinciais, escolherem um novo Presidente da República para suceder a Filipe Nyusi, no cargo desde 2015.

Entrevistado pela Renascença, a partir de Maputo, o antigo presidente Joaquim Chissano (entre 1986 e 2005) admite que o grau de maturidade do país já permitiria a eleição de um Presidente de um outro partido: “Uma vez provado que foi eleito, vai ser aceite, penso eu.”

E quando perguntamos a Joaquim Chissano se, em abstrato, faria bem à democracia moçambicana uma alternância no poder, o antigo Presidente admite que seria bom, com alguns “ses”: “Se uma alternância significasse uma continuação da unidade nacional, porque ainda isso é necessário, e a melhoria do processo de governação, porque isso é necessário, eu penso que seria bom. Agora, se houver uma alternância que vá trazer maior discórdia, já não interessa a ninguém.”

Dr. Joaquim Chissano, considerando a experiência política, de 19 anos, como Presidente de Moçambique, qual é a sua perceção sobre as presidenciais de hoje?

Penso que estão a correr bem. Não temos atos de violência, está tudo a correr bem nesse aspeto... pacífico. Pronto, como sempre alguns partidos estão a apresentar reclamações disto ou daquilo, mas o processo continua e todos os candidatos estão a apelar aos recenseados para que venham exercer o seu direito de voto. Há, portanto, uma maturidade maior da nossa população, há uma discussão bem mais civilizada do que noutras vezes, e isto denota um crescimento, não é?

Talvez porque não exista, agora, o risco de uma guerra, como havia no passado?

Eu estou a ver que não, apesar de arreganhos de um ou outro, com questões demagógicas e de campanha, não é? Mas não vejo nenhum motivo para que haja guerra, como no passado... Depois do anúncio dos resultados, já havia pessoas a ir para o mato, ou a fechar as estradas e emboscar caminhões, etc. Eu penso que isso não vai acontecer desta vez. A convicção que temos é que (agora) não há grupos armados fora das forças legais. E isso já é um passo...já é um bom passo.

Acabou de me dizer que o país está mais maduro... Já tem a maturidade suficiente para, se for o caso, haver um Presidente que não seja da Frelimo?

Eu creio que sim, que um Presidente que não seja da Frelimo, uma vez provado que foi eleito, vai ser aceite, penso eu.

Isso faria bem à democracia, ao crescimento da democracia em Moçambique? Em termos abstratos, seria positivo que houvesse uma alternância já em Moçambique, ou ainda não é este o momento?

Depende do tipo de alternância que houvesse, não é? Se uma alternância significasse uma continuação da unidade nacional, porque ainda isso é necessário, e a melhoria do processo de governação, porque isso é necessário, eu penso que seria bom. Agora, se houver uma alternância que vá trazer maior discórdia, já não interessa a ninguém.

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