Cidade esponja, um futuro mundial

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O Dia Mundial do Ambiente de 2024 reforça a preocupação com o impacto das alterações climáticas, sobretudo nos efeitos das cheias e das secas nas cidades. Os riscos são reais, como demonstram as recentes cheias no Brasil e na Europa.

A capacidade das cidades para enfrentar eventos climáticos extremos deve ser uma prioridade nas agendas dos decisores públicos.  Assim, o restauro dos ecossistemas através de soluções naturais resilientes e inovadoras, como sempre defendeu o arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Teles, é essencial. Valorizar a “estrutura verde urbana”, baseada numa rede de parques e jardins, é “a base para a qualidade de vida e para o sucesso das sociedades” e da cidade.

No mesmo sentido, o arquiteto paisagista Kongjian Yu defendeu que é preciso transformar as cidades em esponjas, no âmbito da sua participação no NBS Summit, no Porto, dedicado à discussão de soluções baseadas na natureza, construção, arquitetura, design e engenharia do futuro.

Se a superfície permeável da cidade ou espaços verdes ocuparem 20% a 40% da sua área, é possível mitigar o problema das inundações urbanas. Para tal, as cidades têm de ser redesenhadas para absorver grandes volumes de água durante períodos de chuva intensa e libertá-la durante épocas de seca, imitando o ciclo natural da água.

Os solos, vegetação e infraestruturas urbanas colaboram para gerir e aproveitar a água da chuva de maneira eficiente, reduzindo o risco de inundações, recarregando aquíferos e melhorando a qualidade da água, mitigando os efeitos das cheias e secas. A implementação de infraestruturas verdes, como jardins pluviais, telhados verdes, zonas húmidas artificiais e pavimentos permeáveis, são soluções ao alcance dos decisores e, ao mesmo tempo, contribuem para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.

São vários os exemplos de cidades que já adotaram o conceito de ‘cidade esponja’. Em Singapura, o programa ABC Waters transformou áreas urbanas em espaços que captam, armazenam e tratam a água da chuva. Na China, Wuhan implementou infraestruturas esponja eficazes na redução de inundações urbanas. Em Banguecoque, uma antiga fábrica de tabaco foi transformada num sistema regenerativo de baixa manutenção que interceta e reduz a força das águas pluviais, filtra a água contaminada e promove a biodiversidade.

Em Portugal, é hora de as cidades se transformarem em esponjas, aumentando a resiliência face às alterações climáticas, promovendo a sustentabilidade hídrica, melhorando a gestão dos recursos naturais e criando ambientes urbanos mais saudáveis.

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