Como é que a inflação impacta a sua vida?

2 horas atrás 17

Se pegar em 100€ e guardar numa caixa, daqui a 10 anos esses 100€ valerão menos do que valem hoje. A culpa deste fenómeno é da inflação, que "come" o valor associado ao dinheiro. Se tem ouvido falar deste conceito, mas não o compreende, siga para o artigo!

Sendo sempre um assunto importante, nos últimos meses, o tema da inflação tem sido frequente, pelas alterações que têm sido conduzidas pelos decisores. Uma vez que afeta diretamente a vida dos cidadãos, o conceito deve ser compreendido.

A inflação afeta o orçamento das famílias de múltiplas formas, pois tem um impacto direto sobre as despesas e sobre o valor real dos rendimentos e das poupanças.

O que é a inflação e como impacta a sua vida?

A inflação é um conceito económico diretamente associado ao consumo, que designa o aumento generalizado de preços de bens e serviços.

Numa economia de mercado, os preços dos bens e serviços estão sujeitos a variações. A inflação ocorre quando se verifica um aumento geral dos preços dos bens e serviços, não apenas de artigos específicos.

Ou seja, a inflação reduz o valor da moeda ao longo do tempo, fazendo com que um euro hoje compre menos bens do que ontem.

Conforme já vimos acontecer em Portugal, num contexto de inflação, os bens e serviços ficam mais caros e o valor das despesas das famílias tende a aumentar. Para comprar o mesmo cabaz de bens e serviços, as pessoas têm de gastar mais dinheiro.

Num contexto de inflação, se o aumento do rendimento das famílias for inferior à subida dos preços dos bens e serviços (inflação), haverá uma redução do seu rendimento real (poder de compra).

O impacto da inflação no orçamento de uma determinada família depende do cabaz de bens e serviços que esta consome mensalmente e do agravamento dos preços registado nesses bens e serviços.

Apesar de não ser necessariamente prejudicial aos consumidores, podendo ser controlado e ajustado aos salários, pode causar transtornos e para a própria economia dos países.

O que causa a inflação?

O aumento da inflação pode ser influenciado por várias coisas.

Primeiro, pelo aumento da procura. Quando há pouca quantidade de um determinado produto que muitas pessoas querem consumir, o preço do produto tende a subir para equilibrar a oferta com a procura.

Depois, o aumento dos custos da produção. A inflação por aumento ou pressões nos custos de produção ocorre, impactando o preço final de um produto.

E terceiro lugar, a inércia da inflação e a expectativa. Estas ocorrem quando a inflação passada se reflete nos preços do presente e numa expectativa de inflação futura, respetivamente.

Por último, a inflação pode ser influenciada pelos governos. Quando estes se veem obrigados a fazer circular mais dinheiro, mas esse volume não está associado a um aumento de produção ou geração de riqueza no país, os preços aumentam, pois existe mais dinheiro a circular do que oferta de produtos e serviços.

Como se mede a inflação?

A taxa de inflação é a variação, ao longo do tempo, do custo de um cabaz de bens e serviços habitualmente consumidos pelas famílias residentes em Portugal. As quantidades de bens e serviços consideradas no cabaz são representativas da sua importância no consumo da população residente em Portugal, e o custo desse cabaz é, assim, representativo dos gastos das famílias.

O custo do cabaz é habitualmente apresentado sob a forma de um índice de preços: o índice de preços no consumidor (IPC). Todos os meses, o IPC é calculado como uma média dos preços dos bens e serviços incluídos no cabaz, ponderados pelo seu peso no cabaz.

Com base no IPC, calculam-se as seguintes taxas, segundo o Banco de Portugal:

Taxa de inflação homóloga — variação do IPC entre o mês corrente e o mesmo mês do ano anterior. É utilizada para medir a evolução da inflação em relação ao mesmo período do ano anterior. Por exemplo, uma taxa de inflação homóloga de 3% em abril significa que os preços aumentaram 3% em relação a abril do ano anterior; Taxa de inflação mensal — variação do IPC entre o mês corrente e o mês anterior (variação em cadeia). É utilizada para medir a inflação mês a mês. Por exemplo, uma taxa de inflação mensal de 0,5% em abril significa que os preços aumentaram 0,5% em relação a março desse ano; Taxa de inflação média — média da variação do IPC dos últimos 12 meses relativamente à média dos 12 meses imediatamente anteriores. É utilizada para medir a inflação do ano. Por exemplo, uma taxa de inflação de 4% significa que, em média, os preços de um ano foram 4% superiores aos do ano anterior.

Impacto da inflação na poupança

Num contexto de inflação elevada, é mais difícil equilibrar o orçamento e reservar parte do rendimento para a poupança.

Ainda que as famílias consigam manter o nível de poupança, o valor real diminui à medida que os preços aumentam. Ou seja, o mesmo montante que se poupou comprará menos bens e serviços no futuro.

Se a poupança estiver aplicada, por exemplo, num depósito a prazo, o aumento da inflação reduzirá o juro obtido, em termos reais, no final desse depósito.

Impacto sobre o custo do crédito

A mesma fonte explica que os períodos de inflação elevada são, em regra, acompanhados por aumentos nas taxas de juro e, consequentemente, por acréscimos no custo do crédito.

Um dos principais instrumentos utilizado pelo Banco Central Europeu para reduzir a inflação é o aumento das taxas de juro oficiais, e este aumento resulta na subida da Euribor, que é a taxa de referência para os empréstimos a taxa variável, como é o caso da maioria dos contratos de crédito à habitação.

Nos empréstimos a taxa variável, a taxa de juro resulta da soma do valor médio da Euribor (indexante) com um spread fixado no início do contrato. Quando aumenta o valor da Euribor, aumentam também as taxas de juro dos empréstimos a taxa variável e, por conseguinte, o valor das prestações a pagar por estes créditos.

Para as famílias com empréstimos a taxa variável (por exemplo, os empréstimos à habitação), o aumento das taxas de juro traduz-se numa subida de encargos no orçamento mensal. Se, neste contexto, a família não dispõe de poupança, ou não consegue reajustar o seu orçamento mensal, poderá correr o risco de falhar o pagamento dos seus empréstimos.

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