“Completa destruição psicológica”: ONG fala em danos irreversíveis nas crianças de Gaza após agressão israelita

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Relatório da ‘Save the Children’ fala em medo, ansiedade, perturbações na alimentação e sono, terrores noturnos e enureses (urinar na cama) das crianças de Gaza, que sofrem “danos psicológicos constantes” após cinco meses de guerra e um bloqueio de 16 anos.

Após cinco meses de ofensiva israelita em Gaza, que se juntam a anos de bloqueio e embargo à faixa costal, as crianças palestinianas do enclave sofreram “danos psicológicos constantes” que resultaram numa rápida e dramática deterioração da sua saúde mental. Um novo relatório da organização não governamental ‘Save the Children’ fala numa situação que já se arrastava desde antes de 7 de outubro, mas que piorou assinalavelmente desde então, e nos efeitos da desumanização a que as crianças palestinianas estão sujeitas, incluindo na Cisjordânia.

O relatório divulgado esta terça-feira fala numa deterioração rápida das condições psicológicas em que vivem as crianças em Gaza, sujeitas a um pesado bloqueio de 16 anos e a uma campanha militar nos últimos cinco meses que causou já mais de 30 mil mortos. Os bombardeamentos constantes e indiscriminados, a perda de familiares e amigos próximos, a deslocação recorrente e a erosão da sociedade civil dificultam o trabalho das organizações que providenciam apoio humanitário no terreno, o que poderá ter consequências devastadoras e irreversíveis no futuro destas crianças.

O trabalho divulgado pelo ‘Save the Children’ assenta numa consulta feita com quatro parceiros no terreno na Faixa de Gaza, além de entrevistas a quatro pais e tutores, que falam em medo, ansiedade, perturbações na alimentação e sono, terrores noturnos e enureses (urinar na cama). Um dos pais consultados diz mesmo que, ao fim de cinco meses de bombardeamentos, o seu filho “consegue identificar o tipo de explosivos que estão a cair” pelo som.

“É inaceitável que qualquer criança tenha de viver os horrores que aqueles que vivem em Gaza têm experienciado. Enquanto evitam bombas e balas, fugindo por ruas repletas de cadáveres e escombros, forçados a dormir ao relento e sem a comida e água potável necessárias para sobreviver, as crianças de Gaza vivem um período de choque e luto em larga escala”, afirma o diretor da ‘Save the Children’ para os territórios palestinianos ocupados, Jason Lee.

“As crianças em Gaza já viviam com um stress inimaginável após 16 anos de bloqueio e escaladas sucessivas de violência. Esta guerra e as suas cicatrizes físicas e mentais estão a erodir ainda mais a sua resistência”, acrescenta.

Esta era uma situação que já vinha desde antes de 7 de outubro, quando o Hamas atacou as zonas sul de Israel, causando cerca de 1.200 mortos, 695 deles civis e 33 crianças, além de ter levado 240 reféns. A resposta de Telaviv levou já à morte de mais de 31 mil pessoas, a maioria crianças e mulheres, além de 72.500 feridos. Esta contabilidade não inclui milhares de pessoas ainda presas debaixo dos escombros.

A fome e as doenças juntam-se às bombas como mais um risco à sobrevivência das crianças em Gaza, sobretudo numa altura em que a sociedade civil israelita se mobiliza para bloquear a entrada de ajuda humanitária no enclave palestiniano. A ‘Save the Children’ pede um cessar-fogo e a aplicação das medidas preventivas do Tribunal Penal Internacional no caso de genocídio movido pela África do Sul contra Israel, lembrando que já 15 crianças morreram de fome no norte da faixa.

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