Conceição e a possível saída do FC Porto: «Quem decide o meu futuro sou eu»

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Na antecâmara da final da Taça de Portugal entre FC Porto e Sporting, Sérgio Conceição fez a antevisão do encontro e falou, de forma natural, sobre a sua situação contratual com os dragões.

Antevisão do jogo: «Dou os parabéns ao Rúben Amorim e ao Francisco Trincão, vi a conferência de imprensa com atenção. Não são conferências fáceis. Muitas vez, existe um jornalismo mais comercial do que verdadeiramente ir ao fundo da questão e perceber o que se quer para o jogo. É mais pelo clique do que pela verdadeira opinião que temos nestes momentos. Espero um jogo competitivo, difícil, perante uma equipa que não perde desde março. Uma equipa extremamente bem orientada, com um treinador com qualidade, com jogadores individualmente fortes. Penso exatamente o mesmo da minha equipa. Trabalhamos de forma a, num jogo que pode ter prolongamento e penáltis, ganhar. Vamos fazer de tudo para isso. É mais um título importante para o nosso clube, é nisso que estamos focados.»

Possível onze do Sporting: «Diogo Pinto é evidente. Os três centrais será Diomande, Coates e Inácio. Nas alas, será o Geny e o Nuno Santos. No meio-campo, o Hjulmand e o Morita. Na frente, o Trincão, o Gyökeres e o Pote. Penso eu que será esse o onze. Mas trabalhámos com a possibilidade de ser um Paulinho, por exemplo. Cabe-nos a nós traçar cenários possíveis.»

Histórico na Taça de Portugal: «Não vivo com isso, faz parte de uns anos de muita dedicação, muita paixão, muito trabalho, muito sacrifício e muitas horas em que faltei à minha família para poder ganhar, nestes sete anos, quase tantos títulos quanto os nossos dois maiores rivais juntos. Estou completamente focado e concentrado como se fosse o meu primeiro título. É com isso que vivo, porque, no fundo, o passado é história. Tenho muito respeito pela história de quem faz parte do grupo de trabalho, como, por exemplo, o nosso presidente, que tem centenas e centenas de títulos, mas o título mais importante é o que temos pela frente, porque é o próximo e aquele que temos, neste momento.» 

Pode ser o último jogo ao serviço do FC Porto? Passou-lhe pela cabeça? «Passou. Para ser sincero passou. O mais importante é o jogo de amanhã. O meu futuro? O meu futuro não está dependente de nenhuma conversa, quem decide o meu futuro sou eu. Ponto. Se o meu futuro for sair do FC Porto, é com um sentimento de imensa gratidão e de dever cumprido. O meu sentimento é de que estive à altura da exigência do FC Porto a que fui habituado. Quando o meu pai me deixou, com 15 anos, à frente do Estádio das Antas... Naquele momento, tive a sensação de que tudo era imenso, eu nunca tinha saído da minha aldeia. Entrar numa cidade como o Porto e estar à frente de um estádio como aquele foi inacreditável. O sentimento que tenho hoje é exatamente esse, de dever cumprido, se tiver que sair, porque sou eu que vou decidir. O FC Porto voltou, nestes sete anos, a ter a hegemonia do futebol português, porque teve quatro anos sem ganhar nada antes de eu chegar aqui. Em três anos de fair-play financeiro, dois de pandemia e este muito atribulado, com as eleições, conseguimos ganhar tantos títulos como os nossos dois rivais.

Sempre digo que, no FC Porto, o contrato não faz o treinador ou o jogador. Se o meu caminho e o do FC Porto se bifurcar, saio com a mesma dignidade com que entrei. Se amanhã for o meu último jogo, o FC Porto paga-me o dia de amanhã e vou-me embora sem nada. Isto fez muita comichão a muita gente. Vou embora sem levar um tostão, pagam-me até ao dia em que trabalhar, com a mesma dignidade com que entrei. Foi muito falada a minha assinatura dois dias antes das eleições. Foi fácil, porque há uma caraterística de que não abdico, que é a gratidão e o respeito pela pessoal que tem mil e tal títulos pelo clube e por aquela que me trouxe para aqui, com 15 anos. A partir desse momento, os nossos caminhos dividem-se e não quero nem um tostão do FC Porto.»

Quem está mais pressionado? «A pressão faz parte do jogo, das equipas que querem e estão habituadas a ganhar. É verdade que o Sporting não conquista uma dobradinha há muito tempo. Nós, nestes sete anos, conquistámos duas. Isso não nos dá um sentimento de relaxar no jogo, pelo contrário. O Sporting tem muita vontade de fechar o ano da melhor forma, nós temos muita vontade de beber duas cervejinhas no final para comemorar. A pressão faz parte do jogo, do que é essa paixão que quem vai para campo tem, num clube que vive de títulos.»

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