Conceição e o «caso Veron»: «Há jogadores que têm de ser ainda mais profissionais...»

«É impossível o Palmeiras vender este jogador por menos do que o Neymar foi vendido ao Barcelona»

Quem o vaticinou foi Abel Ferreira, treinador de Gabriel Veron no Palmeiras. Contudo, a verdade é que o jovem brasileiro - após 95 jogos pelo campeão brasileiro - acabou vendido por cerca de 10 milhões ao FC Porto, ou seja, um valor muito abaixo dos 57 milhões da venda de Neymar para o Barça.

Considerado uma coqueluche pelo seu curto passado no Brasil, o avançado aterrou na Invicta carregado de expectativas: «Vim com uma expectativa muito grande. O Abel deixou claro que o mister [Sérgio Conceição] é ainda mais exigente».

Para além dos 10 milhões e dos cinco troféus conquistados - enquanto sénior -, o jogador natural de Assu mereceu vários (rasgados) elogios por parte do «exigente» Abel, ao passo que - segundo apurou o zerozero em 2022 -, o técnico luso pretendia tornar Veron numa «das grandes figuras do Palmeiras a curto prazo».

Algo que não aconteceu. De resto, Veron foi mesmo para o FC Porto, mas aí... a vida não correu de feição para o brasileiro.

«Controlamos os jogadores por duas ou três horas»

Com várias lesões e um episódio insólito pelo meio [n.d.r: veja AQUI], o jogador teve um percurso muito intermitente nas escolhas de Sérgio Conceição, pelo que, apesar dos 26 jogos na equipa principal, apenas registou cinco titularidades e 628 minutos.

Esta época, tudo piorou para o brasileiro. No primeiro jogo oficial, ao serviço da equipa secundária, jogou 45 minutos e sofreu uma lesão grave, enfrentando um período longo de paragem. 

Sem minutos e lesionado, o jogador está de regresso ao Brasil para se apresentar ao serviço do Cruzeiro, num empréstimo com a duração de um ano - até janeiro de 2025. Tendo isso em conta, em conferência de imprensa de antevisão ao jogo diante do Chaves, o zerozero questionou Sérgio Conceição sobre o que falhou na experiência de Veron e a resposta foi esclarecedora: «Esteve sistematicamente lesionado».

«É um jogador de qualidade e, por isso, o FC Porto contratou-o. Agora, nesses 26 jogos [n.d.r: referente à última temporada], não fez um completo, porque esteve sistematicamente lesionado. Temos profissionais no departamento médico que trabalham muito bem essa recuperação, mas isso também cabe aos jogadores», começou por esclarecer.

«Controlamos os jogadores por duas ou três horas, mas, depois, há um treino invisível para o qual têm de se preparar», prosseguiu.

«Há outros jogadores que têm essa propensão para terem mais lesões e têm de se tratar mais, serem ainda mais profissionais. A nossa concentração [n.d.r: treino] é às 9:15, mas eu às 7:50 tenho jogadores a chegar aqui e o treino só começa às 10:30. Isto é muito importante na vida, porque o futebol está mais rápido, intenso e tem mais jogos por época.»

«O jogador tem de perceber que depende do seu corpo. Por uma razão ou por outra, o Gabriel Veron teve a infelicidade de se magoar diversas vezes», completou.

De regresso ao futebol brasileiro, Gabriel Veron vai ter - sensivelmente - um ano para justificar o investimento do FC Porto, ainda que, recorde-se, o jovem tem contrato com os portistas até 2027.