Condenadas a prisão na Rússia mais 2 pessoas por publicações na Internet

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Iuri Malev, cidadão russo-norte-americano encarcerado desde dezembro de 2023, foi condenado a três anos e meio de prisão por ter gozado 'online' com uma faixa que simboliza a vitória soviética sobre a Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), um elemento central da ideologia patriótica russa.

O crime cometido em dois 'posts' que publicou em junho de 2022 e maio de 2023 na rede social russa Odnoklasniki foi "reabilitação do nazismo", segundo o canal da plataforma digital Telegram do tribunal da cidade de São Petersburgo. De acordo com o tribunal, Malev reconheceu os factos.

A primeira publicação, contendo "linguagem grosseira", mostrava a fita de São Jorge, símbolo usado pelos russos para comemorar a Segunda Guerra Mundial, e o rosto de uma pessoa de "orientação sexual não-tradicional", o termo usado na Rússia para se referir a pessoas LGBTQ (Lésbicas, 'Gays', Bissexuais, Transgénero e 'Queer').

A segunda publicação mostrava a imagem de um cadáver com as seguintes palavras escritas por cima: "Eis como se deve usar a fita de São Jorge".

O tribunal descreveu Malev como um segurança que trabalhava em Nova Iorque.

O Presidente russo, Vladimir Putin, colocou no centro do seu discurso patriótico a vitória soviética sobre os nazis, acusando o Ocidente de querer rescrever a história ao desvalorizar, na sua opinião, a importância do papel da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) na derrota da Alemanha nazi.

Diversos cidadãos norte-americanos e russo-norte-americanos estão atualmente presos na Rússia, entre os quais o jornalista Evan Gershkovich, falsamente acusado, segundo os Estados Unidos, os seus amigos e o seu empregador, o diário Wall Street Journal, de espionagem.

Estão em curso negociações para uma troca de prisioneiros entre russos e norte-americanos.

Desde que iniciou a sua guerra contra a Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Rússia tem-se empenhado numa implacável campanha de repressão dos seus críticos, e muitos anónimos e figuras públicas foram condenados a penas de prisão.

Hoje, foi também esse o caso da 'blogger' russa Anna Bajutova, condenada a cinco anos e meio de prisão por ter lido, em abril de 2022, na plataforma digital Twitch, testemunhos de habitantes da cidade ucraniana de Bucha, próximo de Kiev, sobre o massacre de centenas de civis atribuído às tropas russas, antes de retirarem da região, na primavera desse ano -- acusações que Moscovo rejeita, afirmando tratar-se de uma encenação ocidental.

"Revoltante, repugnante!", reagiu a jovem de 30 anos à sentença, a partir do compartimento de vidro reservado aos arguidos no tribunal, segundo a agência de notícias francesa AFP, presente no julgamento.

O tribunal da comarca de Ostankino, no norte de Moscovo, considerou Bajutova culpada de "divulgar informações falsas" sobre alegados crimes do Exército russo na Ucrânia, no seu canal, YokoBovich, do serviço de vídeo em direto Twitch.

"É uma sentença severa, vamos apresentar recurso. Não se trata de uma criminosa perigosa", declarou o advogado de defesa da 'blogger', Andrei Nevrev.

"Esperávamos uma sentença menos pesada. É duro, assustador", disse o companheiro de Bajutova, Alexandre Demtchuk, de 28 anos, à comunicação social.

"A Anna não saía de casa, sofre de agorafobia. Mas ela é forte, espero que consiga ultrapassar isto", acrescentou.

Demchuk explicou que Anna Bajutova tinha apagado o seu vídeo após a publicação, antes de o casal partir por alguns meses para o Cazaquistão. Quando regressaram à Rússia, no verão de 2023, 'bloggers' nacionalistas que apoiavam a guerra contra a Ucrânia voltaram a publicar o vídeo e apresentaram queixa.

Dois meses depois, agentes da polícia foram a casa de Bajutova e confiscaram o seu equipamento audiovisual. O seu canal no Twitch foi bloqueado.

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