Constrangimentos nas urgências acentuam-se na última semana do ano

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À recusa dos médicos em efetuarem mais horas extraordinárias somam-se as férias de muitos profissionais João Marques - RTP

Vão acentuar-se, na próxima semana, os constrangimentos nas urgências hospitalares, com quatro vias verdes comprometidas entre os 38 serviços limitados – mais cinco do que na semana anterior. A Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde admite que a época de Natal e ano novo acarreta problemas adicionais.

À recusa dos médicos em efetuarem mais horas extraordinárias somam-se as férias de muitos profissionais. Ainda assim, a Direção Executiva do SNS antevê uma “normalização genérica” a partir de janeiro.

“Durante a última semana de 2023, serão 45 unidades a funcionar em pleno (54 por cento)”, refere o plano de reorganização da rede dos serviços de urgência públicos para o período de 24 a 30 de dezembro.

Segundo a estrutura encabeçada por Fernando Araújo, os serviços de urgência estão distribuídos por 83 pontos, tendo mostrado “capacidade de articulação e suporte, garantindo segurança e qualidade na prestação de cuidados de saúde, de forma planeada, organizada, e assegurando a necessária previsibilidade”.

O período de festas, lê-se no documento, “caracteriza-se tradicionalmente por limitações adicionais” nas urgências, este ano também devido à recusa, por parte dos profissionais, da realização de mais do que as 150 horas extraordinárias anuais previstas na lei. Mas “especialmente pela ausência de compromisso e responsabilidade dos prestadores de serviço”.
“Normalização genérica”
“Com o início do próximo ano e a renovação da disponibilidade dos profissionais para realização de trabalho suplementar, antevê-se uma normalização genérica do funcionamento dos serviços de urgência”, estima então a Direção Executiva.Perto de 190 centros de saúde estão abertos este domingo e no dia de Natal em horário complementar, tendo em vista responder a casos não emergentes e atenuar a esperada pressão sobre as urgências dos hospitais.

Na deliberação agora divulgada, reconhece-se ainda que a pressão das infeções respiratórias sazonais comporta desafios com impacto nas urgências nos internamentos.

“Têm existido picos de procura, que pontualmente se traduzem necessariamente em tempos de espera mais demorados, e que são conhecidos, mas em termos comparativos com anos anteriores, mais uma vez esta semana, quando comparada com a homóloga de 2022, estes têm sido de menor valor”.

A Direção Executiva do SNS reitera que os utentes devem, sempre que possível, ligar previamente para a linha SNS24; em situações de urgência ou emergência devem contactar o 112.

“A avaliação do funcionamento dos serviços de urgência pela Direção Executiva do SNS continuará a ter um caráter semanal, será adaptada de acordo com a análise efetuada com as várias instituições hospitalares, de forma a assegurar a previsibilidade do sistema e desta forma contribuir para a segurança e qualidade, na prestação de cuidados”, conclui o documento.
“Solução aparente”
"Uma solução aparente". É desta forma que o Sindicato Independente dos Médicos olha para o comunicado da Direção Executiva do SNS.

Ouvido pela Antena 1, o dirigente sindical Jorge Roque da Cunha adverte que, em abril do próximo ano, as horas extraordinárias deverão esgotar-se.

Impõe-se, segundo o responsável, a adoção de novas medidas para resolver as dificuldades.

Por sua vez, a Federação Nacional dos Médicos olha para o comunicado emitido pela da Direção Executiva do SNS como uma normalização do estado deficitário do SNS.

O problema, afirma a dirigente sindical Joana Bordalo e Sá à rádio público, vai ser resolvido, para já, pontualmente. Mas não reside apenas nas horas extraordinárias. Há falta de médicos e as equipas continuam abaixo dos mínimos.

c/ Lusa

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