Contas públicas com excedente recorde no terceiro trimestre

10 meses atrás 95

Apesar da contracção da economia, as contas públicas portuguesas registaram, no terceiro trimestre deste ano, um novo excedente recorde, que coloca o saldo do total do ano a caminho do valor claramente positivo que o Governo está já a prever.

De acordo com os dados das contas nacionais do terceiro trimestre de 2023 publicados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, o saldo orçamental durante o terceiro trimestre do ano foi positivo em 5236 milhões de euros, um valor equivalente a 7,7% do PIB.

É o valor trimestral mais alto de que há registo na série do INE que se inicia em 1999 e contribui para que, nos primeiros nove meses deste ano, o excedente orçamental atinja os 3,3% do PIB, também um máximo da série estatística.

O excedente de 3,3% que se regista até Setembro parece colocar as contas públicas a caminho de um saldo positivo para a totalidade do ano. Normalmente, as Administrações Públicas registam, no quarto trimestre de cada ano, défices acentuados, mas a margem agora existente parece ser suficiente para assegurar um resultado que fique próximo daquilo que o Governo está neste momento à espera, que é um excedente orçamental de 0,8% do PIB em 2023, o que constituiria também um máximo das últimas cinco décadas.

De facto, no único ano, em 2019, que Portugal conseguiu um excedente orçamental em democracia, de 0,1% do PIB, o saldo positivo que se registava até ao final do terceiro trimestre era de 0,8%.

Já no ano passado, que acabou com um défice de 0,3% do PIB, o saldo positivo no final do terceiro trimestre era de 2,6%.

Na eventualidade de, este ano, se registar no quarto trimestre um saldo orçamental idêntico ao do ano passado no quarto trimestre, o resultado final do ano seria ainda assim de um excedente de 0,5% do PIB.

Na semana passada, nas novas previsões que apresentou para a economia nacional, o Banco de Portugal estimou que o saldo orçamental em 2023 ficará acima da meta de 0,8% definida pelo Governo, atingindo 1,1%.

Os dados apresentados pelo INE revelam que os resultados positivos nas contas públicas durante os primeiros três trimestres deste ano são o resultado de um aumento, face ao mesmo período de 2022, de 9,3% da receita, acima do crescimento de 7,2% registado na despesa.

Os impostos sobre os rendimentos (IRS e IRC), com um crescimento homólogo de 11,4%, e as contribuições sociais, com uma subida de 10,6%, deram o principal contributo para este resultado, numa conjuntura em que, apesar da quase estagnação registada a partir do segundo trimestre e de a economia se ter mesmo contraído ligeiramente em termos reais no terceiro trimestre, o mercado de trabalho continuou a apresentar uma evolução positiva.

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