Cortes de estradas e ferrovias. Coreia do Norte declara Coreia do Sul "Estado hostil"

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Para demonstrar essa alteração, ordenada pelo líder Kim Jong-un, Pyongyang está a destruir secções de estradas e vias férreas fronteiriças para cortar gradualmente as ligações com a vizinha Coreia do Sul, considerando o ato da obstrução fronteiriço como legítimo.

São pelo menos 66 metros da estrada e de linhas ferroviárias no lado norte da fronteira que estão agora completamente bloqueados.

Os militares norte-coreanos fizeram explodir sectores dessas vias de comunicação entre os dois países para cumprir o que foi decidido na alteração da Constituição: “ação legítima contra um Estado hostil”.Estes bloqueios fazem parte de medidas implantadas por Pyongyang contra Seul e pretendem garantir uma "separação completa e gradual do território do Norte" relativamente ao do Sul.

"Esta é uma medida inevitável e legítima tomada em conformidade com a exigência da Constituição da RPDC, que define claramente a República da Coreia como um Estado hostil", reportou esta quinta-feira a agência de notícias estatal da Coreia do Norte, KCNA usando o nome oficial do Norte, República Popular Democrática da Coreia, e o da Coreia do Sul, República da Coreia.

E acrescenta que a decisão "se deve às graves circunstâncias de segurança que conduzem à beira da guerra devido a provocações políticas e militares por parte de forças hostis".

A KCNA citou um porta-voz do Ministério da Defesa, mencionando que o país tomará novas medidas para "fortalecer permanentemente a fronteira sul fechada", porém não referiu nenhuma outra alteração na constituição definida pelo líder do regime Kim Jong-un.

De acordo com a Reuters, uma imagem de satélite divulgada pela empresa de imagens BlackSky e tirada na quarta-feira mostra a estrada que leva à cidade de Kaesong, no Norte, “rasgada com um grande corte no pavimento e na área ao redor”.

Corte de estrada que liga a o Sul à cidade Kaesong, no Norte | BlackSky via Reuters

Estado hostil e inimigo principal
A Coreia do Sul já reagiu e "condena veementemente" a alteração constitucional e a “caracterização de Estado hostil”, acrescentando que o caminho traçado pelo Norte é "um ato anti-unificação e anti-nacional".

O Ministério da Unificação, que trata a pasta das relações com a Coreia do Norte, afirma que não vacilará em continuar uma política que construa linhas de sustentação “em direção à reunificação pacífica, assente no princípio básico de liberdade e democracia.Em janeiro, Kim Jong-un indicou uma emenda constitucional para retirar a unificação como objetivo de traçar laços com o Sul, argumentando que Seul conspirava com Washington a favor do colapso do regime comunista da Coreia do Norte. Kim acusava ainda os aliados de maquiarem contra a definição clara do território do Norte.

A Suprema Assembleia Popular da Coreia do Norte reuniu-se durante dois dias na semana passada, para preparar a alteração da constituição para designar oficialmente a Coreia do Sul como um país separado e identificá-lo como inimigo principal.

Na terça-feira, os militares do Sul dispararam tiros de advertência perto da fronteira, em resposta às detonações do Norte nos trechos de estradas e linhas férreas.

Pyongyang deixou claro que cortará completamente as zonas de passagem entre Coreias e fortalecerá ainda mais as áreas do lado Norte da fronteira para confirmar o objetivo de um sistema de "dois Estados", descartando os antigos planos de unificação.

O Ministério da Unificação da Coreia do Sul também sublinhou que o governo sul-coreano responderá severamente a quaisquer provocações da Coreia do Norte.

Entretanto, nos últimos meses, a Coreia do Norte removeu os monumentos que simbolizavam a reaproximação com a Coreia do Sul e aboliu agências estatais que lidavam com as relações intercoreanas.As estradas agora parcialmente destruídas foram construídas maioritariamente com dinheiro sul-coreano. As ligações rodoviárias e ferroviárias já foram um símbolo dos movimentos de reconciliação intercoreana.

“A Coreia do Norte ficou tão atrás do Sul que qualquer intercâmbio social ou integração financeira pode parecer um caminho para a unificação por absorção”, observa Leif-Eric Easley, professor de estudos internacionais na Ewha Womans University, em Seul, citado na agência Associated Press.

“A rejeição de Pyongyang à unificação pacífica das Coreias é, portanto, uma estratégia para a sobrevivência do regime e manutenção do controlo doméstico. Isso não é só um mau presságio para a diplomacia, como também pode tornar-se uma ideologia para motivar a agressão militar contra Seul”, alerta Easley.

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