Criminosos que fugiram de cadeia brasileira de segurança máxima fazem família refém

7 meses atrás 69

Os dois condenados que fugiram na madrugada de quarta-feira da Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Mossoró, no estado brasileiro do Rio Grande do Norte, invadiram na noite desta sexta-feira uma casa na região onde estão a ser caçados por mais de 300 polícias, pediram comida e assistiram a notícias sobre a fuga em telemóveis e na televisão.

Os dois fugitivos, Rogério da Silva Mendonça, conhecido como Tatu, de 36 anos, e Deibson Carvalho Nascimento, o Querubim, de 34, são ligados à facção criminosa Comando Vermelho, CV, criada décadas atrás no Rio de Janeiro, mas que este sábado atua em todo o país e até em países vizinhos.

Os dois criminosos, acusados em conjunto de mais de 60 crimes e que ainda têm para cumprir mais de 70 anos de cadeia cada um, invadiram a residência pouco depois das 19h30 locais, 22h30 desta sexta-feira em Lisboa, e só sairam pouco depois da meia-noite local, mais de três horas da madrugada na capital portuguesa. A família ficou refém por mais de quatro horas, mas disse há polícia que nenhum dos criminosos foi violento ou fez ameaças.

"Estavam sujos, a cheirar mal e desnorteados, pois não conhecem a região, e só queriam comida", descreveu um dos reféns à polícia, saber exatamente onde estavam, e, principalmente, assistir ao noticiário sobre eles. Por isso, a família teve de aceder a sites de notícias nos seus telemóveis e mostrar as reportagens aos dois fugitivos, que fizeram questão de assistir também ao Jornal Nacional, da TV Globo, para verem o que era dito sobre eles.

Enquanto estiveram na casa da família, que fica dentro do perímetro de 15 km em redor da prisão onde as buscas estão a ser realizadas há três dias, os criminosos fizeram várias ligações usando os telemóveis da família cuja casa invadiram, algumas delas para o Rio de Janeiro, provavelmente para lideranças do Comando Vermelho.

Horas depois, os dois criminosos deixaram a residência levando sacos plásticos com comida, os telemóveis dos membros da família e carregadores, mas, curiosamente, não quiseram dinheiro nem levaram o carro ou a mota que estavam na garagem, preferindo continuar a fuga a pé.

A invasão à propriedade confirma as suspeitas da polícia de que Rogério e Deibson continuam dentro do perímetro de 15 km das buscas e que estão perdidos, provavelmente andando em círculos, e que as barreiras policiais surtiram efeito e impediram que eles fossem mais longe.

Até esta sexta-feira, mais de 300 agentes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Militar do Rio Grande do Norte participavam nas buscas, apoiados por três helicópteros, por drones e cães pisteiros, mas este sábado as equipas serão reforçadas por mais agentes da Polícia Federal enviados de Brasília e por agentes do Grupo de Resposta Rápida do Departamento Penitenciário Nacional.

A prisão de Mossoró de onde os dois fugiram era considerada à prova de fugas e é uma das cinco prisões de segurança máxima do Brasil administradas pelo governo central. Rogério e Deibson aproveitaram falhas incompreensíveis numa prisão desse tipo, como ferramentas da obra de reforma espalhadas por todo o lado, e conseguiram abrir um buraco nas suas celas, avançar por seis barreiras de segurança e, finalmente, cortar a cerca de arame que rodeia toda a área da prisão, beneficiados também pelo facto de parte das luzes estarem apagadas e parte das câmaras de vigilância também estarem desligadas ou com defeito.

Ler artigo completo