Cristiano, Pepe, Neves… Martínez falou de (quase) todos

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O Campeonato da Europa está à porta e Roberto Martínez, selecionador nacional, abriu o livro em entrevista ao podcast Five, de Rio Ferdinand. Numa longa entrevista, o Selecionar Nacional falou sobre a sua carreira e, em particular, abordou o talento e a composição da equipa das Quinas para este Europeu. 

Numa longa análise, Martínez falou abertamente de vários jogadores, relembrou a importância de ter quatro gerações no grupo e destacou o que retirou da primeira conversa que teve com Cristiano Ronaldo, quando assumiu o cargo. Pelo meio, evidenciou ainda a importância de ter jogadores como Pepe, Bruno Fernandes, Bernardo Silva e gerações mais jovens, como João Neves, António Silva ou Inácio. 

Primeira interação com Ronaldo: «Para mim foi importante chegar - e aprendi quando cheguei à Bélgica - que os tinha de conhecer. Tinha de conhecer a pessoa por trás do jogador. Conheci todos. Carregas uma responsabilidade quando assumes uma seleção. Não podes só chegar e dizer aos teus olhos que vais tomar uma decisão. Tens de respeitar os jogadores. Com o Cristiano tinha de saber onde ele estava após 20 anos pela Seleção. Podia chegar aos 200 jogos pela Seleção, vai afetar as próximas duas ou três seleções. Tivemos uma conversa aberta. Percebi que ele é tão diferente em relação ao resto, tem uma fome...

No caso dele, está pronto a dar o que quer que fosse que a Seleção precisasse. Vi que ele estava pronto para ser importante e para lutar pelo lugar dele na Seleção. Foi o melhor marcador, é uma boa influência, cria espírito de grupo. Não diria que ele tem 39 anos. Tudo o que faz tem um significado. Ele quer ganhar. Não tens exemplo melhor para um jovem jogador que entra no balneário. Após 200 jogos internacionais, é o último a deixar o campo, trabalha os aspetos da alimentação e trabalha até ao limite. São os aspetos que te fazem um perfecionista. Agora é mais ponta-de-lança, tem movimentos eficazes na área. Ele é mais do que aquilo que pode dar em campo. O que tento é fazer destacar os seus pontos fortes. É conseguir uma equipa equilibrada.»

Pepe: «É outro exemplo. A forma como treina... Lembro-me que no meu primeiro treino ele queria fazer um trabalho extra para estar mais preparado e é esse tipo de atitudes que precisamos num balneário deste tipo de jogadores, caso estejam aptos para jogar num torneio.»

Bruno Fernandes: «Tem a capacidade de fazer o que o jogo pede. Na Eslováquia foi muito difícil, e ele conseguiu o golo da vitória. Tem essa capacidade de mudar de posições e afetar o jogo de ataque. Temos de dar liberdade, o treinador intervém quando uma decisão do jogador afeta outros jogadores.»

Bernardo Silva: «É a inteligência do Bernardo. O Bernardo é um jogador que, no seu tempo na liga francesa com o AS Monaco, era um verdadeiro extremo direito, sempre a trabalhar nessa estrutura. Depois tornou-se mais um jogador interior. Chegou ao Manchester City e já jogou em quase todo o lado. Até como lateral-esquerdo. E isso deve-se à inteligência, à forma como vê o jogo. Sem dúvida que vai ser treinador quando se reformar, sem dúvida. Ele tem essa capacidade de entender o jogo. Quando um jogador joga, normalmente compreende o seu papel. O Bernardo percebe o que os outros estão a fazer e como pode ajudar o jogador ao seu lado no seu posicionamento.»

Rafael Leão: «Estamos a falar de um perfil muito específico, quando ele fica numa situação de um para um na grande área... Mbappé, é desse tipo de jogador decisivo que estamos a falar. Ele ajudou o AC Milan a ganhar a Serie A [2021/22] e é uma questão de como o usar numa estrutura. Ele pode fazer a diferença nessas situações individuais na área, provou que pode vencer um título quando a equipa permite que se exprima, como acontece no Milan, e queremos trazer isso para o cenário internacional.»

João Neves? «Entrou diretamente na Seleção»

João Neves: «A primeira vez que o vi foi nos sub-19. Foi interessante, taticamente foi muito bom. Lê o jogo muito bem. E com calma foi assumindo no Benfica. Mas tudo foi rápido. Tentámos travar um pouco para não queimar etapas e mandámo-lo ao Europeu de sub-21. Foi outro teste. Vimo-lo marcar à Bélgica, fez um bom torneio, e vimos que estava pronto. Depois no jogo com o FC Porto foi o homem do jogo. Aí pensei: se pode ser o homem do jogo... Entrou diretamente na Seleção. Acelera o jogo, quanto melhores os adversários, melhores as suas decisões. Quando ele estava no banco, Cancelo marcou um golo e foi a correr para festejar com ele, que tinha conhecido dias antes. Tem valores fortes e foi logo respeitado.»

António Silva: «Um pouco mais velho que João Neves, um central moderno. Vais adorá-lo. Está confortável com a bola e pode defender grandes jogadores, com contacto... Aos 19 jogou na Champions. É parte de uma nova geração, com Gonçalo Inácio, de pé esquerdo, de uma geração que aprendeu com Rúben Dias, Pepe, Danilo Pereira. São a próxima geração.»

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