CRÓNICA | A Taça é vossa, Dragões!

3 meses atrás 85

O Dragão teve que insistir e mostrar a sua raça, mas aproveitou um leão ferido pela inferioridade numérica e, após prolongamento, conseguiu uma justa vitória por 2-1, para conquistar a Taça de Portugal. É a 3ª vitória consecutiva dos dragões na prova.

Estava em jogo mais um título, o da Prova rainha do futebol português. Do lado portista, perante a ausência do capitão Pepe, por lesão, Sérgio Conceição apostava em Zé Pedro, a única novidade. Já do lado leonino, Rúben Amorim apostava nos habituais titulares, com destaque para Geny Catamo, Morita e St. Juste. O Jamor estava à espera de espetáculo.

Um neerlandês que tudo muda

Jogadores do Sporting expulsos na final da Taça 🇵🇹:
Peixe (1994)
Pacheco (1994)
Toñito (2000)
Cedric (2015)
St. Juste (2024) pic.twitter.com/X4OOFkJNZ8

— Playmaker (@playmaker_PT) May 26, 2024

O clima era de festa e o histórico Jamor estava bonito e bem dividido, entre azul e verde. O ritmo inicial era frenético e ambas as equipas estavam a jogar com linha defensiva alta, permitindo ao adversário explorar bem as suas costas. O Sporting foi o primeiro a assustar-se dessa forma e logo aos 2' Evanilson surgiu na cara do jovem Diogo Pinto, que mostrou algum nervosismo, hesitou imenso na saída, mas fez muito boa mancha e impediu o golo. De resto, o Sporting estava algo instável no controlo da profundidade e os dragões perceberam isso e foram jogando direto.

Com bola, o Sporting estava a insistir pela sua ala esquerda, com Nuno Santos a aproveitar as deambulações de Pote para o meio para dar largura e explorar as debilidades defensivas de João Mário nesse lado. O FC Porto, por sua vez, estava com essa aposta na profundidade clara e cabia a Francisco Conceição a servir de vagabundo e a deambular entre corredores. Contudo, como esperado, era na direita que ia criando dificuldades a Gonçalo Inácio.

Os dragões cresciam na partida, mas viram os leões chegar ao golo inaugural aos 20', num canto a partir da esquerda, finalizado com um belo golpe de cabeça de St. Juste. Apesar disso, os comandados de Sérgio Conceição não baixaram os braços e, apenas cinco minutos depois, empataram por Evanilson, que aproveitaram um erro enorme de Geny Catamo, num cruzamento aparentemente inofensivo. O jogo estava de loucos e, aos 28', Galeno explorou o tal mau controlo da profundidade leonina, surgiu isolado na cara do golo, mas acabou travado por St. Juste.

Leões celebraram primeiro @Catarina Morais / Kapta +

Inicialmente, Fábio Veríssimo deu penálti e expulsou o neerlandês (o que seria errado, por dupla penalização), mas o VAR viu que a falta foi fora da área. O Sporting acabou, no entanto, reduzido a dez e viu o jogo mudar. Rúben Amorim colocou prontamente Eduardo Quaresma em campo, retirou Morita e baixou Pote para o miolo. O campeão nacional perdeu poder de fogo no ataque (Gyokeres pouco apoiado) e o FC Porto passou a mandar na posse de bola, mas, agora, o leão, mais recuado, estava bem organizado.

Sofrer para crer

Percebendo que o Sporting estava com pouca capacidade de ter bola, Sérgio Conceição arriscou e ao intervalo fez entrar Taremi, retirando João Mário e fazendo baixar Pepê. Embora, a espaços, o Sporting tentasse ter um pouco mais critério com a bola no pé - Hjulmand um pouco mais ativo -, a verdade é que se sentia a inferioridade e o FC Porto estava mais confortável.

FC Porto tentou golo até ao fim @Catarina Morais / Kapta +

Sem capacidade de criar perigo sem ser na bola parada - embora Pote fosse dinamizando a equipa e equilibrando-a defensivamente -, o Sporting via na primeira fila o crescimento portista, que ia montando o estaminé no meio campo defensivo do leão. As maiores dificuldades leoninas eram na sua ala direita, onde Geny Catamo estava num dia não, e Rúben Amorim retirou-o de campo para proteger a equipa, com Eduardo Quaresma a assumir essa ala e Diomande a juntar-se à defesa. Sem bola, o leão protegia-se em 5x3x1.

Os minutos passavam, a ansiedade aumentava - embora a festa fosse bonita nas bancadas - e o FC Porto ia tendo dificuldades em penetrar o bloco baixo do leão. O trabalho de pivot de Evanilson ia funcionando para as tabelas ganharem vida à entrada da área, mas, desta vez, Diogo Pinto estava atento a sair da baliza e as compensações defensivas estavam lá. O perigo só surgia com cruzamentos e remates de longe. Os dragões tentaram a todo o custo desfazer o empate no tempo regulamentar, mas o inevitável prolongamento chegou.

Um erro para festejar

A ida do jogo para prolongamento pouco mudou o jogo, embora o Sporting tenha perdido o seu melhor elemento, Pote (completamente esgotado). O FC Porto continuou a insistir e acabou por beneficiar de uma má saída do jovem Diogo Pinto, aos 97', para ter direito a uma grande penalidade. Antes de se mudar em definitivo para Milão, Taremi assumiu a cobrança, não tremeu e levou o lado azul do Jamor à loucura.

Sem nada a perder, Rúben Amorim apostou tudo a partir daqui, com a entrada de Paulinho e assumindo uma linha de quatro defesas, mas o FC Porto mostrou a maturidade necessária, e típica de uma equipa de Sérgio Conceição, a partir daí e acabou por vencer justamente por 2-1. A taça de Portugal é do Dragão, pela 3ª época seguida.

Ler artigo completo