CRÓNICA | Da maioria absoluta ao empate técnico

5 meses atrás 56

Um dia depois da maior mudança da história do clube (que bonita homenagem prestaram os adeptos a Pinto da Costa) e uma das maiores do futebol português, foi em campo que a equipa, em comunhão com a plateia, tratou de fazer o que aprendeu com o seu eterno líder. Uma missão que esteve muito perto do final feliz, mas que teve um último capítulo em sueco, de difícil tradução, mas de muito amargo sabor. Ganhou, sem ganhar, o Sporting, que, com largos erros de interpretação, mostrou ter o melhor intérprete deste campeonato.

Façamos fé nas palavras (e atos) de Amorim para acreditar na diminuição física de Gÿokeres. Fica difícil, depois de o avançado ter saltado do banco para, num ápice, e quando já nada o fazia prever, marcar duas vezes e empatar um jogo que o FC Porto podia perfeitamente ter ganho.

Neste primeiro dia do resto da vida do dragão, Conceição olhou para o futuro e estreou Martim Fernandes no campeonato. Ganhou em praticamente toda a linha ao seu rival, pelo que leva um curtinho ponto que mantém indefinida a luta pelo terceiro lugar. Quanto ao primeiro, a vantagem do Sporting para o Benfica é agora de cinco pontos. Tudo bem mais controlado do que, a certa altura, este jogo aparentou para Rúben Amorim.

Pela direita, sem piedade

Rúben Amorim deu uma gigante abébia. Provavelmente, contaria com Pepê a defesa direito e Francisco Conceição à sua frente. Ao priorizar a segurança defensiva, para ali deslocou um adaptado Gonçalo Inácio, auxiliado nas costas por Diomande. Tinha cheiro a invenção e o dragão não só o sentiu, como o devorou. Os dois golos foram por ali, numa clara exploração da falta de rotinas, e tudo ficou mais fácil para Sérgio Conceição.

FC Porto começou muito bem @Catarina Morais / Kapta +

Muito provavelmente, se Amorim soubesse mais cedo que o FC Porto ia estrear Martim Fernandes (exceção a 17 minutos na Taça), teria atuado de outra forma. Nuno Santos ficou no banco e o que podia ser um sinal de ambição revelou-se um (clássico) sinal de receio. Sem bons resultados.

Sem fazer uma primeira parte perfeita, a equipa de Conceição pouco concedeu ao adversário. Houve alguma exploração das debilidades dos centrais portistas a saírem com bola, mas o assunto foi globalmente bem resolvido, ou mais à frente, ou por Diogo Costa na baliza. Ainda assim, nada que se aproximasse do que aconteceu na baliza contrária. Ao intervalo, se se tivesse feito a conta a mais golos, seriam para os portistas - Francisco Conceição foi quem mais perto esteve.

Zé Pedro rendeu Pepe @Catarina Morais / Kapta +

Estranhamente, foi no meio que Amorim quis mexer ao intervalo. Sem Bragança e com Pote, somando Gyökeres a Paulinho, era num formato não muito diferente que o treinador do Sporting queria mudar o jogo. Ainda que com um farol totalmente diferente. A questão é que Conceição, sábio a interpretar jogos grandes, pediu rédea muito curta para o sueco. A equipa acedeu.

Pela esquerda, ainda a tempo

Rúben Amorim foi rápido a mexer e fê-lo várias vezes, embora talvez não pela ordem certa. Nuno Santos podia ser ido a jogo antes, mas o técnico quis começar por testar as bolas em profundidade para Gyökeres por aquele lado, só que nem Martim Fernandes, nem Zé Pedro, nem mesmo Otávio lhe deram espaço.

@Catarina Morais / Kapta +

Foi só com o habitual dono do flanco que a equipa pôde ter alguma coerência de ataque, só que já numa fase em que os dragões estavam completamente confortáveis a lidar com o jogo e a fecharem a zona de Diogo Costa. Surpreendente, porque nada o indiciava, um bom cruzamento de Nuno Santos foi seguido de um bom cabeceamento de Gyökeres. E tudo se relançou.

Não só o jogo foi relançado, como quase de imediato empatado. Outra vez o sueco em destaque, outra vez servido por um colega vindo do banco: Edwards, que seria expulso logo depois, por se ter pegado com Galeno.

O FC Porto não conseguiu aproveitar os últimos minutos em superioridade numérica e, no fundo, perdeu dois pontos após um jogo (quase completo) muito bem conseguido.

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