Nem sempre a jogar bem, mas o Benfica foi inteligente a gerir o ritmo e as emoções nas suas piores fases da partida e aproveitou a verticalidade imprudente ofensiva do Rangers para causar estragos na transição e vencer na Escócia por 0-1. As águias estão nos quartos de final da Liga Europa. Era o tudo ou nada do Benfica na Liga Europa. Do lado encarnado, Roger Schmidt promovia a rotação esperada, em relação ao último jogo, fazendo regressar João Neves, Otamendi, Di María e Rafa Silva à titularidade, mas as principais «surpresas» eram a presença de Kokçu no banco de suplentes e de Marcos Leonardo no onze inicial. Do lado do Rangers, Clément promovia apenas uma mexida, com Scott Wright na vaga que pertencia a Dujon Sterling. Glasgow recebia o Benfica com temperaturas de congelar os ossos, mas o ambiente ensurdecedor vivenciado no Ibrox aquecia o coração de qualquer adepto de futebol - com direito a espetáculo antes do apito inicial - e fazia prometer para o que se passava dentro da quatro linhas. Apesar do, esperado, ambiente hostil, o Benfica entrou bem, com vontade de ter bola e a potenciar várias permutas posicionais entre os seus avançados, em constante movimento. Marcos Leonardo ia dando à equipa uma mistura entre diagonais e trabalho de pivot, mas ia tendo claras dificuldades com a fisicalidade dos centrais adversários. Apesar disso, os primeiros minutos foram positivos para o Benfica, que ia conseguindo sair bem da pressão alta do Rangers e explorando as alas, onde os escoceses tinham mais fragilidades. Contudo, o Benfica não conseguiu manter este dinamismo por muito tempo e o jogo mudou. O Rangers, que até então era mais incisivo e direto com bola, passou a ter mais tempo a bola em ataque organizado, aproveitando a pressão menos conseguida do Benfica para estar no meio campo adversário. Esta foi a melhor fase dos escoceses, que até tiveram um par de boas ocasiões - embora quase sempre através de cruzamentos -, uma delas por Fábio Silva, mas também onde se expuseram mais. Rangers dificultou a vida @Getty Images Percebendo as dificuldades que Marcos Leonardo estava a ter com a questão física adversária, Schmidt tentou dar novas armas à equipa e fez entrar Tengstedt ao intervalo, mas o Rangers veio dos balneários com uma vontade tremenda e a pressionar melhor e conseguiu duas grandes chances nos primeiros minutos. Do outro lado, o Benfica parecia sem resposta, limitado a transições mal conseguidas e jogo direto inofensivo...As águias pareciam tremer quase tanto como as bancadas, que vibravam com o constante apoio dos adeptos. Claramente em crescendo e galvanizado pelo apoio e por uma boa entrada, o Rangers também estava (ainda) mais imprudente na defesa às transições adversárias e o Benfica aproveitou. Tengstedt desperdiçou, aos 63', o primeiro aviso, mas Rafa Silva, quatro minutos depois, num contra-ataque vertiginoso, não desperdiçou na cara de Butland. Os mais de dois mil encarnados eram quem fazia agora o Ibrox tremer, embora tenham precisado de esperar pelo VAR. Rangers cresceu, mas foi imprudente @Getty Images Foram minutos finais de nervos, para ambos os lados, com todos os adeptos a roer as unhas ou a tremer por todo o lado, e não só por causa do frio. A quebra física do Rangers sentia-se, mas a equipa ainda foi até à última energia e foi insistindo nos cruzamentos. Contudo, o Benfica voltou a mostrar maturidade e aguentou-se com unhas e dentes. No final, a águia venceu por 0-1 e continua a voar na Liga Europa.Jogo do rato e do gato
Raça, crer e ambição