CRÓNICA | Não é como acaba, mas sim como começa

6 meses atrás 65

Primeira mão de duas caras. Da loucura ao medo, da confortável vitória ao quase empate, os adeptos do Atlético viveram de tudo na receção ao Borussia Dortmund. No final, aperceberam-se que é mais benéfico começar bem que acabar e venceram (2-1).

A primeira parte foi ideal para ver a décalage - que, no final, mostrou significar pouco. De um lado, uma equipa que, nos últimos dez anos, chegou sete vezes aos quartos de final (e duas à finalíssima). Do outro, uma que só aos quartos chegou por quatro ocasiões e de nunca lá passou. Fácil adivinhar quem, menos nervosa, começou por cima.

Habituado a estas andanças, o cínico Atleti castigou o tremido Dortmund. Dois erros na primeira fase de construção foram fatais. Demasiado inocentes, os alemães ofereceram o ouro ao bandido e os espanhóis não se fizeram rogados: primeiro, De Paul não pediu licença a ninguém e abriu o marcador; depois, Griezmann lançou Samuel Lino, que, com espaço, não perdoou.

Face ao sufocante domínio, o marcador até foi lisonjeiro. Pressionantes e aguerridos, os esfomeados homens de Simeone, sobretudo no meio-campo, engoliram o adversário. Experiência, hábito e conforto: diferenças gritantes entre os conjuntos, até os líderes do Dortmund mostraram dificuldades.

Ainda assim, os últimos cinco/dez minutos da primeira parte foram menos maus. Os visitantes, sempre pela criatividade de Sancho — elemento em destaque pelo baile que proporcionou e pelos problemas que criou (Sancho contra o mundo) —, deram um ar da graça alemã e, pelo menos, chegaram à área contrária: Maatsen teve a melhor ocasião, com um remate forte de fora da área.

Banco deu uma nova vida

Haller marcou o golo que deu esperança ao Dortmund @Getty /

O segundo tempo teve um começo positivo para o Dortmund, ainda que tímido. Terzic tentou, fez por mudar e lançou Brandt, criativo que havia sido relegado para o banco. O médio fez-se notar: criou mais e até apostou na finalização. Contudo, a verdadeira mudança só se notou a dez minutos do fim, numa altura em que o Atleti ameaçou com o terceiro.

Brandt serviu Haller — outro recém-entrado — e, após o ressalto, o costa marfinense enquadrou-se e chutou forte. Eliminatória, contra a maré, relançada. Contudo, a maré, assim que foi remada em sentido contrário, ajudou o marinheiro e mudou.

O ouro estava mesmo no banco. Bynoe-Gittens também entrou e criou perigo. Vertiginoso, o extremo saiu da linha lateral, fletiu para dentro, foi rápido e chutou com estrondo à barra — e, quem salva uma, salva duas. No último minuto da compensação, o cúmulo surgiu — da sorte ou do azar, depende da perspetiva —; Brandt recebeu um cruzamento da direita e, no centro da área, Brandt cabeceou para novo beijo nos postes.

Fim tremido: Madrid colocado em sentido e tudo em aberto para a segunda mão.

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