CRÓNICA | Nas asas do talento turco

3 meses atrás 89

Num jogo à atenção de Portugal e onde animação e intensidade foram palavras de ordem, a Turquia levou a melhor sobre a Geórgia e venceu por 2-1, entrando com o pé direito no grupo F. O jovem talentoso Ardar Guler, do Real Madrid, fez o golo da vitória. A bola está, agora, do lado português.

Antes de Portugal estar atento, era a vez da Turquia e Geórgia, as outras duas equipas do grupo luso, entrarem em ação, num jogo importante para as contas do mesmo e com a seleção lusa atenta. Do lado turco, o benfiquista Orkun Kokçu era titular, assim como as promessas, do Real Madrid, Arda Guler e Kenan Yildiz, da Juventus. Do lado georgiano, a figura Kvaratskhelia figurava na frente de ataque.

É disto que o povo gosta!

O Europeu até pode estar a ser disputado na Alemanha, mas a Turquia quase podia dizer que jogava em casa, face à quantidade de turcos presentes no Signal Iduna Park, casa do Borussia Dortmund, para o jogo com a Geórgia. De resto, os adeptos turcos foram fazendo um autêntico inferno nas bancadas, no apoio à sua seleção e tentativa de dificultar a missão georgiana.

Dentro das quatro linhas, víamos uma Geórgia montada em 5x3x2, apostada claramente na organização defensiva e na velocidade da sua dupla ofensiva e dos seus alas na transição, bem menos pressionante do que se esperava. A Turquia, por sua vez, pressionava altíssimo e tinha um dinamismo bem interessante no miolo, com Çalhanoglu a ser o maestro, os jovens Guler e Yildiz a serem os vagabundos ofensivos (funcionavam como falsos extremos) e Ayhan como médio de equilíbrios. A isto juntava laterais muito ofensivos e Baris Yilmaz como avançado móvel.

O arranque de jogo foi, assim, de claro ascendente turco e estes foram criando várias chances. Ayhan acertou no poste, aos 10', e foram várias as tentativas de cruzamentos largos, mas faltava claramente a referência de um ponta de lança fixo, como tinham no mítico Burak Yilmaz, no passado. Apesar disso, o perigo estava lá e o golo inaugural chegou aos 26', num golaço de fora da área, de primeira e com a bola no ar, do lateral direito Muldur. Yildiz até ampliou no minuto seguinte, mas estava fora de jogo.

O golo sofrido soltou a Geórgia, que deixou de estar amarrada a esse 5x3x2 inflexível - laterais pouco subiam - e começou a querer ter mais bola, com mais movimentações dos seus médios e alas. Aí, começaram a aproveitar o espaço dado pela Turquia entre setores e entre centrais e laterais e cresceram, baixando o volume das ruidosas bancadas, especialmente quando, aos 32', Mikautadze respondeu da melhor forma a um grande trabalho e cruzamento de Kochorashvili na direita. A Turquia passou um mau bocado, mas o jogo reequilibrou antes do intervalo, embora muito animado.

Aguenta, coração!

A 1ª parte tinha sido das boas, mas havia espaço a melhorar e foi Vincenzo Montella quem tentou mexer com o jogo, mudando um pouco o desenho tático da Turquia, para algo próximo do 4x2x3x1, com Baris a cair para a ala, Guler a servir de '10' e Yildiz de avançado, além de Kokçu na meia esquerda e Çalhanoglu e baixar para equilibrar o miolo e diminuir espaço entre setores. Isto fez os turcos crescer e o arranque voltou a ser de perigo otomano, com Mamardashvili a ser obrigado a uma série de intervenções.

Contudo, desta vez, a Geórgia não se deixava ficar e estava, mais uma vez, atrevida na transição e vertical a partir das alas, o que deixava a Turquia em sentido, até porque a turma otamana era quem mais se adiantava no terreno, permitindo espaço para a velocidade georgiana. Perante um maior encaixe tático de parte a parte, começava a ser necessário surgir a iniciativa individual e foi o jovem Arda Guler quem apareceu: aos 66', a promessa turca deambulou da direita para o meio e rematou de fora da área para mais um golaço neste jogo. Estava feito o 2-1.

À semelhança da 1ª parte, a Geórgia não baixou os braços e tentou responder prontamente ao golo sofrido, mostrando um atrevimento que ia tornando o jogo do mais divertido que podia ser. Kochorashvili voltava a ser o farol de ligação entre setores da equipa e teve um lance de génio aos 70', tirando um adversário do caminho, com um belo toque, à entrada da área e atirando em cheio na barra. O jogo voltava a estar imprevisível, divertido e a ser daqueles que nos apaixonam e fazem ansiar pelos jogos do Euro.

Para se proteger, Montella, percebendo o crescimento georgiano, assumiu uma linha de três centrais, protegendo-se do jogo mais direto da Geórgia. Os comandados de Sagnol desprotegeram-se, foram com tudo em busca do empate e foram circundando a área adversária, mas a Turquia defendeu-se com tudo e viu a Geórgia perder duas oportunidades flagrantes nos descontos. No desespero, o guardião georgiano foi em busca do golo, num canto, mas permitiram o contra-ataque e Akturkoglu, de baliza aberta, fez o 3-1 final. Quando a diferença de golos pode interessar, não foi uma boa decisão...

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