CRÓNICA | Raça de Dragão não chegou

6 meses atrás 61

Raça de Dragão não chegou e esbarrou nos penáltis. O FC Porto teve uma exibição repleta de coração (e sofrimento) e aguentou com unhas e dentes o enorme caudal ofensivo do Arsenal, mas, no final foram os gunners a ser felizes no desempate por grandes penalidades, eliminando os dragões da Champions.

Era o tudo ou nada para o FC Porto na Liga dos Campeões, depois do 1-0 na 1ª mão, em Portugal. Sérgio Conceição mantinha a aposta dos últimos jogos e não apresentava grandes surpresas, com Galeno no apoio a Evanilson e Nico e Alan Varela no miolo. Arteta, por sua vez, seguia a mesma linha ideológica e apostava em Kiwior a lateral esquerdo, apesar dos regresso de Zinchenko e Tomiyasu, além de Havertz e Trossard na frente de ataque, com Saka.

(Des)tapar em excesso

4.º jogo do FC Porto em 🏠casa do Arsenal, 4.ª vez que chega ao intervalo em desvantagem:
2006: 1-0 (2-0)
2008: 2-0 (4-0)
2010: 2-0 (5-0)
2024: 1-0 (?)

⚠Os portistas nunca marcaram um golo no Emirates pic.twitter.com/DPxAAlKgIb

— Playmaker (@playmaker_PT) March 12, 2024

O clima era de tensão nas bancadas e isso fazia-se sentir em cada intervenção mais demorada, ou não, portista, com os adeptos londrinos impacientes e á espera de uma reação da equipa madrugadora. O Arsenal, como esperado, entrou ofensivo e mais assertivo e veloz - como previra Conceição - do que no Dragão e foi tentando adicionar os médios Rice e Odegaard ao processo ofensivo, especialmente na sua direita, onde o norueguês e Saka iam causando dificuldades a Otávio e Wendell, os mais nervosos dos Dragões.

Do outro lado, o FC Porto vinha com uma mentalidade bem visível de tentar ser simples com bola. Os dragões iam tentando chamar a pressão alta dos gunners para tentar explorar a profundidade e velocidade dos seus extremos, mas iam abusando dessa opção na sua esquerda, onde o Arsenal se ia protegendo bem. Sem bola, por sua vez, os azuis e brancos protegiam-se em 4x5x1, com Pepê a juntar-se ao miolo e a mostrar a preocupação da equipa em ser solidária sem bola nessa zona.

O caudal ofensivo era claramente caseiro, embora o FC Porto tenha dado sinais de vida a meio da 1ª parte, especialmente numa jogada bem construída pela direita, onde Evanilson obrigou Raya a boa defesa, e o Arsenal foi gerindo bem o ritmo, especialmente depois de Jorginho ajudar na proteção da ala esquerda. Apesar disso, o apoio dos mais de três mil adeptos portistas presentes no Emirates era incansável.

Dragões foram-se aguentando @Getty /

Ora, a tal preocupação do FC Porto em fechar o miolo acabou, contudo, por desproteger a equipa das diagonais a partir da ala e Odegaard, o maestro londrino, soube aproveitar. À passagem do minuto 41', o norueguês foi paciente e encontrou uma brecha entre o lateral e central, aproveitando um erro posicional de João Mário para desmarcar Trossard na esquerda da área. O belga rematou cruzado, fez o 1-0 e empatou a eliminatória. Voltava a estar tudo completamente em aberto.

Sofrer até faltar pernas

8.ª vez que o FC Porto disputa um prolongamento nas competições europeias, o 4.º na Liga dos Campeões

⚠O FC Porto qualificou-se nas 2 últimas vezes que disputou um prolongamento na UEFA:
2019 Roma
2021 Juventus pic.twitter.com/tppi7vO7dF

— Playmaker (@playmaker_PT) March 12, 2024

Estava tudo em aberto para a 2ª parte e o ambiente tinha claramente mudado nas bancadas, com a tensão inglesa a ser substituída por um otimismo crescente. a equipa, galvanizada por esse otimismo, foi para cima do FC Porto, que agora era obrigado a mudar ligeiramente a abordagem. Apesar disso, a equipa lusa continuava a proteger-se bem no corredor central, dando mais iniciativa aos gunners nas alas, onde os cruzamentos iam sendo afastados pela defensiva dos Dragões.

Apesar disso, a organização defensiva portuguesa era, agora, claramente menor e o espaço no miolo também. Aproveitando isso, o Arsenal começou a tentar explorar mais vezes a velocidade do trio ofensivo e, por breves momentos, após um erro de Pepe, fez os corações portistas parar, aos 69', mas o golo de Odegaard foi anulado, por falta de Havertz sobre o experiente internacional luso.

Este momento de sobressalto ditou uma clara mudança no jogo. As equipas percebiam que qualquer risco poderia ditar a eliminação, mas o Arsenal continuava a tentar assumir a batuta e isso dava espaço para o FC porto explorar as costas da defesa contrária e Pepê e Chico Conceição iam-se mostrando perigosos. Apesar disso, o Arsenal não tirava o pé do acelerador e Arteta passava a clara mensagem à equipa de querer resolver nos 90 minutos, com a entrada de Gabriel Jesus, aos 81'. O brasileiro quase marcou no minuto seguinte.

FC Porto sofreu na 2ª parte @Getty /

Os minutos passavam e o FC Porto parecia perder cada vez mais a (pouca) capacidade de ter bola no ataque, o que aumentou o caudal londrino. Sérgio Conceição ainda fez entrar Taremi, aos 88', para que a equipa tentasse respirar com bola, mas os minutos finais foram de sofrimento para os corações portistas. Já ninguém se aguentava sentado no Estádio, a ansiedade voltava a crescer, mas isso não impediu que o tempo fosse escasso e tivemos mesmo que ir a prolongamento para desempatar a eliminatória.

Até ao último nervo

À semelhança do Sporting há um ano, na Liga Europa, tínhamos, pelo menos, mais 30 minutos de futebol entre o Arsenal e uma equipa portuguesa numa eliminatória europeia e os dragões bem se podiam inspirar nos leões. Contudo, pouco mudou no jogo. O Arsenal foi controlando a posse, o FC Porto defendendo, mas notava-se que faltavam pernas aos dois conjuntos e, verdade seja dita, faltaram oportunidades dos dois lados. As grandes penalidades eram inevitáveis.

Aí, Raya e Diogo Costa eram os principais protagonistas e o espanhol foi quem se superiorizou, defendendo a grande penalidade de Wendell e permitindo a passagem do Arsenal. O FC Porto fica no caminho nos oitavos de final, mas cai de pé.

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