CRÓNICA | Réveillon encarnado

8 meses atrás 61

Foi preciso sofrer (excessivamente), mas o Benfica aproveitou da melhor forma o crescimento e atrevimento do Famalicão - com mérito para Trubin, gigante na baliza - e foi letal na ponta final do encontro, acabando com uma vitória por 3-0 e fechando o ano em beleza.

Para o último jogo da época, o Benfica via-se obrigado a mexer em três dos habituais titulares e Roger Schmidt chamou Tiago Gouveia, Tomás Araújo e Arthur Cabral, para os lugares que pertenciam a Otamendi, Di María e Tengstedt. Do outro lado, João Pedro Sousa fazia regressar Otávio ao centro da defesa, mantendo o restante desenho do Famalicão.

Um génio explosivo

Ao 12.º jogo na Liga 🇵🇹, Arthur Cabral estreia-se a marcar na prova

⚠ Arthur Cabral já marcou em todas as competições em que jogou pelo Benfica: Campeonato, Taça, Taça da Liga e Champions pic.twitter.com/emwtsCVz2w

— Playmaker (@playmaker_PT) December 29, 2023

Depois de se terem encontrado há um par de semanas, havia curiosidade para ver as semelhanças e diferenças para este jogo e desde logo se viu um Famalicão a pressionar menos alto, embora atrevido a tentar explorar, como é habitual, a largura e as incursões dos seus laterais, especialmente na esquerda, onde Chiquinho e Francisco Moura eram os principais dinamizadores da equipa.

Contudo, o Benfica aguentou esse ímpeto precoce famalicense e começou a crescer com o passar dos minutos, eletrizando-se com a explosividade de Tiago Gouveia na esquerda, que ia sendo uma dor de cabeça, pela mobilidade que ia impondo. O Famalicão até tentava sair a jogar, mas a pressão encarnada, aliada aos muitos erros no passe de Otávio, não lhe permitiam responder e o Benfica notava-se confortável na partida.

João Neves encheu o campo @Kapta+

A predominância da aposta na ala esquerda do Benfica era notória, mas isso abriu espaço para que a direita brilhasse numa das primeiras vezes que foi real aposta, aos 31'. Tudo começa numa jogada genial de João Neves, a tirar um par de adversários do caminho e a desmarcar Rafa na profundidade e o extremo cruzou para Arthur Cabral - forte no trabalho de pivot na 1ª parte e a soltar-se depois do golo - finalizar para o 1-0. De resto, depois do golo inaugural, notou-se um Benfica confiante com bola, a gerir o ritmo de jogo e a não dar qualquer possibilidade de resposta a um Famalicão apático ofensivamente.

Do susto à festa

Depois de uma 1ª parte que deixou muito a desejar ofensivamente, o Famalicão regressou dos intervalos a tentar ser mais fiel com e sem bola ao que lhe é habitual. Com bola, Zaydou baixou para a primeira fase de construção e foi dinamizando a equipa, corrigindo o que Otávio não conseguia. Sem bola, pressionavam mais alto, para tentar dificultar a saída encarnada, e com mais gente.

Esta opção abriu claramente o jogo, mas para os dois lados. O Famalicão ficou mais perigoso com bola, obrigou a alguns erros e começou a criar perigo - Chiquinho ficou na cara de Trubin, aos 59', mas permitiu grande defesa -, mas, por outro lado, ficou mais exposto à transição rápida, com mais espaço para sair a jogar no meio, e o Benfica tinha bons intervenientes para o aproveitar - Cabral teve o bis nos pés aos 63' dessa forma, mas Luiz Júnior esteve bem. Percebendo que um par (ou dois) de pernas frescas para essa missão daria jeito, Schmidt colocou Musa e Guedes (além de Florentino) aos 70'.

Benfica foi letal na 2ª parte @Kapta+

Apesar dessas mexidas, notava-se que o Famalicão estava claramente a crescer e a ficar por cima e o aviso foi dado por Zaydou logo aos 72', que acertou no poste, num remate fora da área. O jogo entrou naquele caos característico de um jogo aberto (embora nem sempre bem disputado) e facilmente podia dar para qualquer lado. Francisco Moura esteve pertíssimo do golo aos 83' - Trubin agigantou-se novamente -, mas apenas dois minutos depois, numa transição, Rafa celebrou da melhor forma os 300 jogos de águia ao peito e fez o 2-0. Logo a seguir, aos 88', Rafa serviu Musa e o croata fechou definitivamente as contas do jogo em 3-0.

Esta machadada final deu cabo de qualquer réstia de esperança famalicense ainda existente e o Benfica acabaria mesmo por fechar o ano civil de 2023 em beleza, com uma vitória sofrida, mas justa, e subindo, à condição, à liderança do campeonato.

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