CRÓNICA | Um Chuchu para Jota

2 meses atrás 64

Jota Silva, claro. No paraíso maltês do ócio, morno e relaxado, teve de ser o coração apressado do avançado a resolver tudo. E com categoria. A 12 minutos do fim, e quando Christopher Mafoumbi (belo guarda-redes!) parecia condenado a ser o melhor em campo, Chuchu Ramírez amansou a bola no peito e serviu o parceiro com um passe perfeito. 

A crença de Jota, infinita, fez o restante. No limite, em esforço, desviou para o único golo do jogo, quando o imenso Mafoumbi já lhe erguia uma muralha amarela. 

Sem relva natural, sem VAR e com uma bola a saltitar mais do que um canguru, o Vitória não teve um jogo simples na casa do Floriana. Venceu porque é infinitamente superior. Venceu porque tem uma relação com a bola (mesmo saltitona) que nenhum dos malteses é capaz de ter. E venceu porque Jota é incapaz de jogar em velocidade reduzida. 

Em Guimarães se servirá o ato final da eliminação dos malteses. Tudo o que não passar por aí será um escândalo, tal a diferença entre as equipas. 

Mafoumbi até ao impossível

Se é verdade que nos primeiros 20 minutos, o Floriana soube enganar o Vitória (bloco mais do que baixo e passes longos para a velocidade de Reid e Thiaguinho), não é menos acertado afirmar que a partir daí a bola e o jogo foram do Vitória. 

Handel passou a saber acalmar as pequenas feras do outro lado, com paciência e saber. Juntou-se a Tiago Silva, outro mestre da posse, e passou à equipa os ideais certos: bola, passe curto, inteligência. 

Nesse sentido, a baliza de Mafoumbi passou a estar sob ameaça vezes sem fim, mas debaixo daqueles postes esteve um gigante congolês. O antigo keeper do Blackpool foi parando tudo o que podia, com destaque para um voo maravilhoso a remate de Kaio César, e deu a sensação de poder levar o nulo até ao apito final. 

Jota, com o amparo de Chuchu, não o permitiu, mas até ao golo do Vitória houve algum bom futebol e uma resposta simpática, e até surpreendente, do Floriana. 

Nota alta para João Mendes, Handel e Tiago

Se o Vitória tiver a capacidade para segurar Tomás Handel e Jota Silva - mais provável o primeiro do que o segundo -, Rui Borges terá um plantel de grande qualidade, ao nível do antecessor. 

No duríssimo sintético de Ta'Qali, os pés esquerdos de Handel e João Mendes pensaram e executaram muitos dos melhores momentos vitorianos. Duas belas exibições, às quais podemos juntar as de Tiago Silva e Jota, naturalmente.

Foram eles os nomes maiores da aparição crescente nesta estreia na Conference League. O Floriana teve os tais 20 minutos iniciais, prometeu qualquer coisa em duas saídas no segundo tempo, mas depois o Vitória fez o que tinha de fazer. 

Se nada de chocante acontecer na Cidade-Berço, o Vitória continuará a lutar pela fase de grupos da Conference League. Com este Jota endiabrado, o céu (de Guimarães) é o limite. 

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