CRÓNICA | Um, dois, três...a conta que o banco fez

1 mes atrás 39

Foi preciso ir ao banco para ultrapassar a ansiedade vivida nas bancadas da Luz para mais uma exibição que começava a deixar a desejar, mas a ida ao banco de suplentes (e a entradas das peças certas), deu vida ao Benfica e os encarnados venceram o Casa Pia por 3-0. Respira-se melhor na Luz, mas é preciso aprender com os erros.

Depois do desaire em Famalicão (2-0), o Benfica regressava a casa e Roger Schmidt queria comandar a equipa à vitória, fazendo apenas uma alteração no onze inicial, com António Silva a substituir Morato. Do lado do Casa Pia, o treinador João Pereira promovia quatro alterações no onze titular, face à derrota com o Boavista (0-1), saindo Ricardo Batista, André Geraldes, Segovia e Raúl Blanco, para dar lugar a Patrick Sequeira, Larrazabal, Miguel Sousa e Obeng.

Trabalhadores pouco criativos

Procurando responder a esse desaire em Famalicão, o Benfica entrou dinâmico, através dos seus laterais e do já habitual Prestianni, enquanto do outro lado o Casa Pia ia tentando chamar a pressão encarnada, para ter espaço na transição. Contudo, no último terço, os Gansos tinham processos rápidos e simples, mostrando-se atrevidos e sem medo de rematar, de tal modo que conseguiram ainda testar Trubin e assustar, tanto na meia distância (Nuno Moreira), como com cruzamentos (Obeng tinha tudo para marcar, de cabeça, aos 37', mas atirou por cima).

Prestianni tentou remar @Kapta+

Quanto às águias, notava-se um maior atrevimento, através de passes verticais (centrais e médios mais recuados) em zonas interiores, tentando explorar os movimentos de João Mário e Aursnes, quase sempre distantes das alas e da posição de extremo. Contudo, a equipa sentia essa ausência. O jogo interior era aposta em excesso e notava-se que a equipa crescia quando os laterais subiam, embora lhes faltasse o devido apoio para outro tipo de desequilíbrios.

Por forma a contrariar isso, Pavlidis foi-se mostrando interventivo, baixando no terreno para tabelar e mexer com o jogo, mas a equipa sentiu os minutos a andar e foi baixando o ritmo, perdendo o bom dinamismo inicial. As oportunidades encarnadas foram, por isso, escassas e apenas na meia distância - João Mário, aos 25' e Pavlidis aos 27'- criaram perigo. Ia valendo o bom trabalho na recuperação de Florentino e Barreiro, para impedir o atrevimento forasteiro, mas faltava (claramente) dinamizadores com bola para o Benfica.

Quem diria, não é?

Era preciso algo diferente, para os dois lados, para a 2ª parte e Roger Schmidt, ao invés de ir ao banco de suplentes, procurou mudar as dinâmicas dos que já lá estavam, colocando Prestianni a aparecer mais vezes nas alas. Isso trouxe algum dinamismo, numa primeira fase, à equipa e o argentino até teve uma boa chance, aos 52', mas continuava a faltar algo e o público ficava mais ansioso com cada demora ou erro. O ambiente estava duro na Luz.

Casa Pia aguentou o que pôde @Kapta+

Sentido o peso do relógio, Schmidt fez algo raro na sua estadia na Luz e, aos 65', fez tripla substituição (entradas de Kokçu, Marcos Leonardo e Tiago Gouveia), embora não tenha fugido aos assobios, por ter retirado Prestianni, até então o melhor em campo. Contudo, assobios ou não, a fórmula resultou. Kokçu trouxe dinamismo ao miolo, Tiago Gouveia largura e Marcos Leonardo presença. Todos tiveram, de alguma forma, presentes no tão aguardado golo inaugural, que chegou aos 71', pelo grego Pavlidis, após cruzamento de Gouveia na esquerda (jogada iniciada por Kokçu).

Com este golo, o jogo mudou. O Casa Pia passou a acelerar mais o seu jogo e deu mais largura, o que deu espaço a ambas as equipas. Os Gansos quase empataram, por Nuno Moreira, mas o jogo estava de feição para os da casa. Com espaço (e as peças certas), a equipa do Benfica parecia outra e pouco depois, aos 80', foi a vez de Tiago Gouveia, numa transição, fazer o gosto ao pé e acalmar a Luz.

Com as duas equipas a aceitar o jogo como estava, o Benfica ainda aproveitou e, aos 90', fixou o 3-0 final, com um golo de Aursnes, a aproveitar um enorme passe de Kokçu. Chegaram os três pontos, mas é preciso aprender com os erros.

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