CRÓNICA | Uma (Pau)lada nas ambições

6 meses atrás 73

O Benfica está fora da Liga Europa. Depois do triunfo por 2-1 na Luz, a equipa de Roger Schmidt sucumbiu perante o Marseille nos penáltis (derrota por 1-0 no tempo regulamentar), dizendo assim adeus às competições europeias.

Com este resultado, a versão de 2023/24 dos encarnados foi incapaz de repetir o feito da equipa de 2013/14, a última a chegar às meias-finais de uma prova internacional.

Muito aquém do esperado

Roger Schmidt havia dito, na antevisão da partida, que o ambiente do Stade Vélodrome não intimidava o Benfica, isto na medida em que as águias já tinham encontrado ambientes difíceis na presente temporada.

Não pondo em causa as palavras do técnico alemão, a verdade é que há realmente algo de especial no recinto dos marselheses. As claques, uma em cada topo do estádio, fizeram-me ouvir desde o primeiro minuto, num cenário que terá servido, com toda a certeza, como fator de motivação para os comandados de Jean Louis Gasset.

O triunfo na Luz, há uma semana, transmitiu boas sensações a Roger Schmidt, que apostou exatamente no mesmo onze que havia vencido o Marseille na primeira mão. No habitual 4-2-3-1, Tengstedt foi a referência ofensiva, ao passo que, do outro lado, Iliman Ndiaye foi chamado ao onze para fazer companhia a Aubameyang no setor ofensivo.

O facto de o Marseille ter de correr atrás do resultado fez-se sentir, isto na medida em que o conjunto francês entrou melhor no encontro. Pressionantes e intensos desde início, les olympiens criaram muitas dificuldades ao Benfica, que teve muitas dificuldades em sair com a bola controlada da sua primeira fase de construção (Tengstedt foi tanto vítima como vilão- teve pouca bola e, quando esta efetivamente lhe chegou, decidiu quase sempre mal). Ainda que as duas primeiras aproximações de perigo tenham pertencido aos portugueses, por intermédio de David Neres e Rafa, os primeiros 45 minutos foram claramente do Marseille.

Com o trio Kondogbia, Ounahi e Veretout em bom plano no momento de ter a bola, a formação gaulesa criou perigo através de lances de bola parada, que Mbemba não conseguiu finalizar, e na sequência de uma perda de bola infantil de Di María, que resultou num remate por cima de Aubameyang.  

Assim, com o Benfica muito abaixo do que era exigido num jogo desta magnitude, o intervalo chegou com o nulo no marcador.

Estava mesmo a ver-se, não é verdade?

A parte até pode ter mudado, mas a toada do jogo manteve-se. Gasset arriscou um pouco ao lançar o lateral Murillo para o lugar do central Mbemba, mas a verdade é que as primeiras chances do Marseille surgiram de bola parada. Primeiro, com um cabeceamento ao lado de Balerdi após um livre lateral; depois, com um remate de Veretout para defesa de Trubin, que havia metido água segundos antes ao chocar com António Silva.

Pouco depois, à passagem do minuto 70, o guarda-redes ucraniano redimiu-se do erro que havia cometido momentos antes e protagonizou a defesa da noite, com uma palmada com a mão esquerda após remate de Kondogbia.

Com o Benfica já sem referência ofensiva fixa- Tengstedt saiu e Rafa ficou com o papel de vagabundo na frente de ataque-, o Benfica acabria mesmo por sofrer aos 79', isto depois de Rafa e Di María terem testado Pau López. Na sequência de um cruzamento da esquerda, Mboumbagna subiu mais alto no interior da área e atirou para o fundo das redes, fazendo o 1-0 que empatou a eliminatória e que perdurou até ao fim dos 90 minutos.

Desilusão dos 11 metros

Roger Schmidt avançou para o prolongamento- voltou a retirar Neres, que vinha sendo um dos mais perigosos, e manteve Rafa e Di María em campo- sem alterações, mas rapidamente se socorreu de Arthur Cabral.

Di María, com um cabeceamento ao segundo poste, Aubameyang, com um remate ao lado, e o próprio Arthur Cabral, num lance em que rematou de pé esquerdo após uma boa incursão, tiveram a oportunidade de carimbar a passagem tanto para Benfica como para o Marseille, mas tal cenário não se verificou e o jogo teve mesmo de ser decidido nos penáltis.

Da marca dos 11 metros, Di María rematou em cheio contra o poste e o alento francês mostrou-se. Entre remates certeiros sucessivos, António Silva falhou e Luis Henrique fechou as contas de um voo demasiado raso para a águia na Europa.

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