Cruz Vermelha assistiu 50 mil vítimas de ataques em Moçambique

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"Embora aproximadamente 570 mil pessoas deslocadas internamente tenham regressado às suas casas, sobretudo em Mocímboa da Praia, encontraram aldeias abandonadas sem serviços básicos, como água potável, acesso a assistência à saúde e meios de subsistência", descreve a instituição, em comunicado.

"Além disso, famílias que tinham sido separadas pela violência regressaram, na esperança de poderem se reunir com os seus entes queridos", acrescenta.

No terreno, o CICV refere que, em conjunto com a Cruz Vermelha de Moçambique, "manteve o apoio às pessoas deslocadas internamente e às comunidades de acolhimento vulneráveis com as suas necessidades humanitárias urgentes", ao mesmo tempo que prestou assistência aos deslocados que regressaram aos locais de origem, "ajudando a construir resiliência".

"A ênfase foi colocada nos meios de subsistência, nos serviços essenciais e no apoio sistémico. Para estarmos mais próximos das comunidades afetadas, abrimos um escritório em Mueda [distrito de Cabo Delgado]", lê-se.

Em concreto, em assistência de emergência, o CICV refere que distribuiu a 25.000 pessoas 'kits' de sementes e ferramentas, incluindo 12 quilogramas (kg) de milho, 10 kg de feijão nhemba, 3 kg de sementes de gergelim e duas enxadas cada, "para ajudá-las a reiniciar a produção de alimentos".

Acresce, na assistência de emergência, que 22.805 pessoas "receberam assistência financeira para diferentes fins de modo a que pudessem satisfazer as necessidades urgentes e básicas".

Além disso, explica o CICV, 27.620 pessoas receberam neste período "utensílios domésticos essenciais para ajudá-las a recomeçar suas vidas".

Entre as intervenções realizadas pela instituição em Cabo Delgado constam ainda oito "comités de água", compostos por 113 pessoas, "incluindo líderes locais [que] foram formados para gerir a infraestrutura de abastecimento de água construída para a sustentabilidade" e condições para permitirem a 123.000 pessoas terem "acesso melhorado a água potável limpa e segura em Montepuez e Mocímboa da Praia".

Também foram garantidas melhorias no acesso à assistência à saúde, com 948.500 consultas realizadas em centros de saúde apoiados pelo CICV e os hospitais de Mueda, Montepuez, Pemba e Ibo "foram apoiados com doações regulares de medicamentos, material e equipamento médico, apoio à infraestrutura, campanhas de doação de sangue e combustível".

Foram igualmente realizadas 4.841 cirurgias em centros de saúde apoiados pelo CICV, das quais 2.553 "para ajudar mulheres grávidas e 47 para ajudar pacientes feridos por armas".

A instituição forneceu igualmente medicamentos e material médico, bem como apoio técnico a 11 centros de saúde e uma unidade móvel de saúde em quatro distritos de Cabo Delgado.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás.

O conflito já fez um milhão de deslocados, segundo dados das agências das Nações Unidas, e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Além das forças governamentais moçambicanas, combatem a insurgência em Cabo Delgado as tropas do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), no perímetro da área de implantação dos projetos de gás natural da bacia do Rovuma.

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