Da vulnerabilidade à fraude de 40 milhões. O que se sabe sobre Chimarrão

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Cassiano Castro já morreu. Contudo, esta terça e quarta-feira a Polícia Judiciária (PJ) desencadeou uma operação com vista a desmantelar um grupo que terá roubado ao empresário, proprietário do grupo Chumarrão, e à mulher cerca de 40 milhões de euros, aproveitando-se da situação de vulnerabilidade e abandono familiar destes.

A operação Assinatura d’Ouro contou com cerca de 150 operacionais da PJ e realizou-se em Lisboa, Coimbra e Porto. Ao todo, as autoridades detiveram quatro pessoas, com idades descobertas entre os 25 e os 45 anos, três deles familiares entre si (pai, mãe e filha, segundo o Correio da Manhã). Já o quarto elemento prestou serviços de segurança pessoal ao trio.

De acordo com a PJ, o esquema fraudulento de apropriação do património atribuído-se em 2014, mas só em 2022, quando Cassiano Castro morreu, é que os herdeiros se aperceberam que grande parte do património tinha sido transferida da esfera pessoal dos donos do Chimarrão para terceiros, impossibilitando o acesso a grande parte da herança assim como assumir a gestão e administração do grupo.

Cassiano Sofia de fragilidade física, uma mulher com Alzheimer

Durante uma década, os suspeitos aproveitaram-se da situação de vulnerabilidade das vítimas – Cassiano Sofia de fragilidade física e psíquica e a mulher com Alzheimer -, assim como o abandono familiar, para construir uma relação emocional de proximidade com o casal, partido de uma posição de funcionários administrativos do Chimarrão até chegarem a seus cuidadores.

Inicialmente os suspeitos foram premiados com a transferência de pequenas posições societárias do grupo, que detém restaurantes como o Chimarrão, Churrasqueira do Campo Grande, Café In, Mexicana ou Leão de Ouro, a que os quatro deram depois contínuando recorrendo à falsificação de documentos e assinaturas .

Após a morte de Cassiano, os agora detidos ainda cometerão crimes informáticos para manter o controle do grupo Chimarrão, acedendo ao sistema que já controlavam remotamente e que era utilizado por diversas empresas do grupo para sabotar e impedir o acesso a terceiros e até a descoberta de prova por parte da polícia.

Fraude de 40 milhões de euros

A denúncia foi feita pelos proprietários atuais do grupo - filhos e netos das vítimas. A PJ acredita que será possível reverter a posse de parte dos bens novamente para a esfera familiar.

Em causa estão saldos bancários, imóveis urbanos e rurais, bens de luxo, assim como automóveis de centenas de milhares de euros, joias e participações societárias. Ao todo são cerca de 40 milhões de euros de prejuízo para os herdeiros do grupo Chimarrão, um valor que ainda não está fechado. Só uma recente venda do restaurante Leão de Ouro, na Baixa de Lisboa, rendeu aos suspeitos 12 milhões de euros.

Os suspeitos serão esta quinta-feira apresentados a primeiro interrogatório judicial no Tribunal Central de Instrução Criminal, para aplicação de medidas de coação, sendo suspeitos de crimes de acesso ilegítimo e sabotagem informática, burla informática, falsificação de documentos e branqueamento de capitais.

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