De talismã a polémica: a final four vai mesmo ser no Rosa Mota

6 meses atrás 51

Agora sim, está confirmado. Fonte da WSE confirmou, depois da notícia avançada na manhã desta segunda-feira, que a final four da WSE Champions League vai ser no Pavilhão Rosa Mota. É tempo de recordar história.

Como se fosse o filho pródigo a voltar a casa. À casa onde foi feliz, muito feliz. A uma casa que traz boas recordações, muito boas recordações. A uma casa que não via o seu filho há 24 longos anos. O hóquei em patins está de volta ao Pavilhão Rosa Mota!

Do primeiro congresso do CDS, ao congresso do PCP com a presença de Mikhail Gorbachev ou a um encontro com Dalai Lama, a história do agora renomeado SuperBock Arena é extensa e tem várias vertentes. Mas foquemo-nos na vertente do hóquei em patins.

O anúncio da WSE abriu a caixa de pandora de tantas memórias hoquísticas neste histórico recinto desportivo e cultural do nosso país. Que volta a este local 24 anos depois de uma grandes finais da história da Liga Europeia... que acabou da pior forma.

Com o hóquei (quase) sempre como mote

Acreditamos que poucos saibam - admitimos que também fomos surpreendidos -, mas fique a saber que grande parte da história deste pavilhão está intimamente ligada ao hóquei em patins. Construído ainda no século XIX, o recinto foi inaugurado em 1865 com o nome que muitos ainda hoje reconhecem por os jardins ainda serem assim conhecidos: Palácio de Cristal.

A primeira versão do recinto, ainda sem abóboda (1952) @DR

Recebendo muitos eventos culturais durante quase cem anos, o local, de forma natural, acabou por se degradar de forma irreversível e, na década de 50, acaba por ser reconstruído... à boleia do hóquei em patins. A modalidade era uma das mais queridas do público português e a atribuição do Mundial de 1952 à cidade do Porto acabou por juntar a fome à vontade de comer.

Nascia assim o novo (mas ainda incompleto) Pavilhão dos Desportos da cidade do Porto, que recebeu o primeiro de cinco Mundiais de hóquei em patins. Portugal venceu, num pavilhão ainda sem a mítica e característica abóboda, quase a céu aberto.

Quatro anos mais tarde, em 1956, novo Mundial na cidade Invicta e, aí sim, reinauguração oficial com o pavilhão totalmente concluído. No fim? Sim, novo título mundial para Portugal. Tal como aconteceu em 1958 e 1968... sempre no recinto talismã do hóquei em patins português.

Novo Mundial, Rosa Mota e uma final para esquecer

Se a idade não perdoa a humanos e animais, o mesmo acontece com uma imponente estrutura como esta. A precisar de intervenção, o Pavilhão dos Desportos voltou a utilizar um Mundial de hóquei patins para rejuvenescer. Foi em 1991, três anos depois da medalha olímpica de Rosa Mota, homenageada na reabertura do recinto.

Agora no Pavilhão Rosa Mota, Portugal disputava o seu quinto Mundial na cidade do Porto e chegou a um título mundial que fugia há nove anos. Confirmava-se que o local era sagrado para o hóquei em patins português e confirmava-se também a tendência de Portugal só vencer Mundiais a jogar em casa - desde a década de 60 que, sempre que Portugal jogou em casa, venceu a prova.

Não mais um Mundial de hóquei em patins foi jogado no Pavilhão Rosa, mas outro grande evento da modalidade foi lá jogada. E por sinal uma final de má memória para os portistas em particular. Foi em 2000, numa final four onde também estavam Novara, Benfica e... Barcelona.

Nas meias-finais, o FC Porto eliminou o rival Benfica e os catalães trataram de afastar os italianos. Na grande final, o Pavilhão Rosa Mota acabou por trair Portugal: 2-3 para o Barcelona, jogo que só ficou resolvido no prolongamento... e que acabou por lamentáveis incidentes com os adeptos.

Agora, 24 anos depois dessa final, o recinto que tem capacidade para 5 500 lugares sentados, volta a receber hóquei em patins e precisamente jogos da mesma prova: a Liga dos Campeões. O hóquei vai voltar ao Rosa Mota. O hóquei vai voltar a casa.

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