De Villas-Boas à Política: A Lição do FC Porto para a Renovação.

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O exemplo do FC Porto deve servir de reflexão para todos os setores da sociedade, incluindo o político.

Na recente eleição para a presidência do Futebol Clube do Porto, um vento de mudança soprou forte e claro. André Villas-Boas, figura conhecida no mundo do futebol, destronou Jorge Nuno Pinto da Costa, o presidente “eterno” que durante décadas foi sinónimo do próprio clube. Esta mudança de Presidente no Dragão é mais do que uma simples troca de liderança; é um símbolo potente da necessidade de renovação que se estende para além das quatro linhas do campo, alcançando as esferas da política e da governação.

Pinto da Costa, no comando desde 1982, moldou o FC Porto numa potência desportiva reconhecida mundialmente. Sob a sua gestão, o clube não só acumulou troféus como também consolidou sua identidade cultural e desportiva. Contudo, com o passar dos anos, cresceram as vozes que clamavam por mudança, por uma nova visão que acompanhasse as evoluções do futebol moderno. A vitória de Villas-Boas não foi apenas um triunfo eleitoral, foi um claro indicativo de que até os gigantes precisam de inovar e adaptar-se. Sobretudo, qualquer comum mortal tem de saber quando é hora de sair.

A situação no FC Porto espelha um fenómeno bem conhecido na política portuguesa: a permanência prolongada no poder. Tal como no desporto, muitos políticos tendem a ocupar seus cargos por longos períodos, muitas vezes resistindo à integração de novas perspetivas, ideias e até pessoas com medo da própria sombra. Esta resistência à mudança pode levar a uma estagnação na forma como lidamos com questões cruciais, desde a economia até à educação e saúde.

A Necessidade de Renovação existe em todos os setores.

A renovação traz consigo uma infinidade de benefícios. Líderes novos trazem novas ideias, novas energias e novas visões que são essenciais para responder aos desafios contemporâneos. No mundo político, isto poderia traduzir-se na implementação de políticas que melhor reflitam as necessidades e os desejos da população atual, especialmente dos mais jovens. Com mais “Villas-Boas” a se chegarem à frente, poderemos ver menos “Vidas-Boas” de políticos que se mantêm cimentados no poleiro por décadas, muitas vezes mais focados em manter o status quo do que em promover verdadeiras mudanças. O vício de alimentar o próprio ego, independentemente do vazio de propostas e ideias, tem-se tornado um dos piores inimigos das instituições.

Limitar os mandatos poderia ser uma solução eficaz, incentivando a circulação de líderes e evitando o acumular de poder que muitas vezes conduz à complacência e ao desligar total das bases. Esta mudança fomentaria um ambiente político mais dinâmico e adaptativo, capaz de enfrentar os desafios modernos com soluções criativas e eficazes.

Infelizmente, o caso de André Villas-Boas ainda é uma exceção. Não falo especificamente do candidato A à liderança de um clube de futebol. Falo de um projeto novo, fresco e de gente mais jovem ter coragem de enfrentar os poderes instalados há décadas numa grande instituição. Isso, só isso, é mesmo uma exceção na nossa sociedade.  

O exemplo do FC Porto deve servir de reflexão para todos os setores da sociedade, incluindo o político.

A gratidão aos grandes líderes do seu passado deve ser sempre reconhecida. A história e as conquistas nunca devem ser adulteradas ou apagadas. Mas a gratidão de ontem nunca deve ser o garante que justifique eternizarem-se num longo presente sem perspetivas de futuro das instituições.

A capacidade de se reinventar, de acolher a mudança e de promover a inovação é fundamental num mundo que não para de evoluir. Assim como o futebol, a política precisa de dinamismo e de lideranças que não apenas entendam os tempos atuais, mas que também sejam capazes de antecipar os desafios do futuro. Talvez seja a hora de mais “Villas-Boas” emergirem em campos fora dos estádios, trazendo com eles a promessa de um jogo mais aberto, justo e renovado para todos.

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